segunda-feira, 5 de maio de 2008

Papai Joel e o 30o Título Carioca


A chegada no Maracanã já prenunciava a grande tarde rubro-negra que mais tarde seria confirmada. A profusão de bandeiras, carros, buzinas, faixas, gente correndo, engarrafamento, tudo absolutamente vermelho e preto fariam um incauto não identificar quem era o adversário do Flamengo dessa tarde, a não ser claro, por um certo tema de fundo volta e meia entoado em meio à multidão: “Não ganha nada, time de chorão...”. Sim, claro, o adversário era o Botafogo, o time da estrela solitária e do chororô, que sabe bem mais reclamar do juiz, cavar faltas e se dizer injustiçado do que propriamente jogar bola.
E tratando-se de decisão, então, todo mundo sabe. É difícil mesmo segurar o Mengão.
O Flamengo quando em finais de campeonato joga um outro jogo que transcende o mero esporte bretão. Praticamente não cabe a simples análise tática e técnica do time e do jogo. E poucos técnicos entendem isso tão bem quanto o papai Joel. Após um primeiro tempo recuado, com uma formação que agrada a muito pouca gente, cheia de volantes, o Flamengo voltou para a etapa final com Obina e Tardelli, num 4-2-4, que fez muita gente franzir a testa na volta do intervalo. É verdade que tivemos a chance de liquidar a fatura ainda no primeiro tempo com Íbson, mas o gol bobo do Botafogo numa rara falha do Bruno obrigou o Joel a mexer no time e no coração da gente. Parecia que o meio-campo ficaria enfraquecido demais depois das mudanças que deixaram ali apenas 2 jogadores para dar conta do recado. O que poucos se deram conta naquele momento é que na verdade tínhamos pelo menos 80 mil volantes, 80 mil armadores presentes e dispostos e que desde que o Flamengo fosse pra cima deles, tudo se resolveria no grito de uma Nação. E pra partir pra cima, nada melhor que Obina, Tardelli, Marcinho e Souza na frente, mais Juan pela esquerda e Léo Moura pela direita enquanto o gigante Toró, hoje multiplicado por 80 mil, e o hoje impecável Jaílton seguravam tudo e todos ali pelo meio.
Logo aos 3 minutos do segundo tempo veio a falta na intermediária, e os 80 mil se multiplicaram num só coro, pressentindo o gol e o inexorável Bicampeonato que se aproximava. A Obina coube o trabalho de se agachar e testar a bola pra dentro, dando início ao derradeiro chororô do lado mais diminuto das arquibancadas. Daí pra frente o carnaval rubro-negro tomou conta do Maracanã e o que se viu foi um domínio avassalador do Flamengo, dessa entidade predestinada a conquistar títulos sem parar, agora 30 vezes campeão carioca. Ainda tivemos Tardelli e novamente Obina completando a festa e dando números finais ao marcador que acabou ficando barato para o time zebrado de Cuca.
Foi mais uma vitória do Manto, da Raça e da vontade de ganhar, expressa na simplicidade daquele que incorporou tão bem o espírito rubro-negro, o nosso mago estrategista papai Joel.

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