sábado, 5 de abril de 2008

Só Precisamos De Mais 3 Vitórias


Em busca da paz e da quietude que já não encontramos com facilidade na cidade do Rio de Janeiro me refugiei em um rústico povoamento encravado nas fraldas da Serra dos Órgãos. Lá no pé do Dedo de Deus, onde a pujança da natureza ainda intocada pelo bicho homem intimida e tranqüiliza ao citadino, não existe a menor possibilidade de ficar sabendo do que acontece centenas de metros abaixo, às margens da Baia de Guanabara. Dizem que faz bem ao espírito.

Nada como uns dias longe da cruel e desalmada civilização ocidental para começar a dar o verdadeiro valor para as coisas simples e verdadeiramente importantes na vida. No mato em que eu me enfiei não tinha nem jornal, nem rádio e nem um vizinho sequer tinha Internet discada. Só pra deixar a situação de isolamento absolutamente clara, saiba que lá no alto do morro o telefone celular só serviu de lanterna e mesmo assim só enquanto durou a bateria. Pra ficar ainda mais legal o acampamento, choveu sem parar.

Então é fácil imaginar a minha alegria nesse sábado ao pegar o busão da Viação 1001 e voltar ao século XXI e suas máquinas maravilhosas, seus ambientes secos e isolados e suas adoráveis misérias esportivas que preenchem meu dia a dia. Antes dessa breve temporada silvícola andava num tédio mortal com o campeonato que ao longo de suas 15 rodadas não foi capaz de surpreender nem aos torcedores do América.

Mas os jornais empilhados na porta de casa, o montão de emails a responder, a porrada de comentários no Urublog e a iminente bacalhoada dominical me deram um novo entusiasmo para enfrentar os capítulos finais desse Carioca que se configura como um dos mais moles dos últimos anos.

Gostei de ver o Time de Boneca apanhando do Boa Vista e confirmando que a cachorrada começou a surfar de forma característica aquela famosa curva descendente que sempre os leva até o Reino do Quase. Também gostei de ver que Antônio Lopes escalará a fina flor da mulambada de São Janú para enfrentar o Mengão C. Isso se chama RESPEITO, o bacalhau anda tão alquebrado das coças homéricas que tem levado do Flamengo nos últimos anos que não pode abrir mão da rara chance de nos vencer. Ainda mais porque o jogo não vale absolutamente nada e eles sabem que tem sido apenas em condições como essa que o Flamengo perdeu.

Confesso que até andei pensando na pragmática e desonrosa possibilidade de entregarmos o jogo pros mortos-de-fome nesse Domingo e assim garantirmos o segundo lugar no grupo. Isso nos permitiria disputar a semi no horário nobre de Domingo que vem contra o desequilibrado Foguinho que vem ladeira abaixo, uma vantagem considerável até no campo econômico. Mas logo percebi a falha moral que destrói a possibilidade de êxito de tal estratagema: dependeríamos do torpe e esquisitão Florminense, que teria que vencer o Madureira.

Ora, a história nos mostra claramente que ao longo de mais de 100 anos de Carioca a esmagadora maioria daqueles que apostaram em vitórias tricolores sem o adjutório das instâncias arbitrais amargam a mais abjeta miséria. Tal fato inviabiliza totalmente a serventia de uma marmelada e obriga o time do Flamengo, seja ele o A, o B ou o C, a aplicar aquela tradicional chacoalhada no bacalhau imundo.

Mesmo que tal vitória nos penalize com a obrigação de jogar a semi no sábado e arrecadar menos, é melhor o Mengão já ir logo restabelecendo os tradicionais padrões esportivos na cidade e no estado. O que significa que o Flamengão tem a obrigação (e para isso tem as estatísticas ao seu lado) de conquistar 3 vitórias em seus próximos 3 jogos no Carioca e levar o caneco pra Gávea. Ganhar do vice na última rodada da Taça Rio é apenas a primeira delas.

Mengão Sempre

Flamengo Net

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