Que Torcida É Essa?
Alguma Coisa Acontece no Meu Coração
Ontem, não pude ir ao Maraca porque me apareceu uma missão laboral de última hora em São Paulo. E lá fui eu pelo cadafalso da ponte-aérea, com meu Manto guardado na mochila e esperança zero de voltar a tempo de pelo menos assistir às tradicionais mesas-redondas cariocas.
Acabada a tal reunião-sem-noção-em-pleno-domingo-de-clássico já era quase 3 da tarde e tratei de ir voado ao encontro dos absolutamente fanáticos integrantes da Fla-Sampa que, faça chuva ou faça sol (muito mais pra chuva), sempre se reúnem em volta de uma tv de plasma sintonizada no jogo do Mengão, seja lá contra quem for. E, acreditem cariocas metidos à besta, os Fla-Sampas sabem como assistir e torcer pro Mengão direitinho.
Primeiro porque o Villa Bella, o ambiente onde os guerreiros gente boa da Fla-Sampa se reúnem, um barzinho simpático no Campo Belo, é geneticamente controlado. Isto é, só entra rubro-negro sangue-puro na parada, e é impressionante como eles são numerosos em São Paulo. Tem de tudo nesse grupo; paulistas, cariocas, catarinas, baianos e mineiros. Uma verdadeira amostra viva do caráter nacional da religião flamenga.
Mesmo estando no coração de um território sabidamente hostil à Nação Rubro-Negra, no Villa Bella a infeliz e deselegante arco-íris não entra mesmo, vai ver não tem autorização nem pra passar na calçada em frente da porta. Ainda que por princípios morais e herança racial eu me oponha a qualquer medida de caráter eugenista, confesso que não me senti desconfortável no ambiente livre de pragas, parasitas e os seus inevitáveis maus-olhados e maledicências.
Mas as diferenças terminam aí, na hora que a bola rola os Fla-Sampas se comportam da mesma maneira ordeira, pacífica e positiva que caracteriza os rubro-negros do Méier, do Cosme Velho ou da Chatuba de Mesquita. Os caras cantam os mesmo cantos do Maraca, xingam (com poucos palavrões, rola uma regra qualquer lá sobre isso) e apóiam o tempo todo, ontem apoiaram até o Vinicius Pacheco.
Mas o que me deixou mais empolgado de estar vendo o jogo com aqueles velhos amigos que eu ainda não conhecia é que eles demonstravam o tempo todo uma absoluta confiança tanto na conquista da TR como na nossa passagem para as oitavas da Liberta. Tanta confiança que alguns Fla-Sampas ficaram no maior ti-ti-ti durante o segundo tempo inteiro. Estavam organizando a caravana pra final do Carioca. Isso é ser Flamengo, na mais pura acepção da palavra.
Bonde Bolado da Fla-Sucre Fortalece o Mengão em Cuzco
Na primeira fase da Libertadores do ano passado o Flamengo subiu
O exótico boliviano flamengo, extremamente gente boa, fez sucesso com todos os jornalistas que foram cobrir a partida e andou aparecendo em alguns bons blogs e em algumas matérias no globo. esporte.com. Uma delas até mostrava o time de salão do Juan, chamado, obviamente, Flamengo e falava da sua torcida organizada, a Fla-Sucre (La Número Uno en Bolívia).
Não é só porque as babas bolivianas não caíram no grupo do Mengão que a Fla-Sucre ia ficar de bobeira nessa Liberta. O Juan acaba de avisar por email que para o jogo contra o Cienciano, o bonde formado por ele e outros 10 guerreiros rubro-negros de Sucre vai encarar 20 longas horas de busão cordilheira acima para chegar junto em Cuzco e dar aquela moral pro Mengão. Isso é que é disposição.
Essa Fla-Sucre é mesmo cascuda. Parabéns pra eles e parabéns pro Mengão.
|