sexta-feira, 25 de abril de 2008

Parênteses antes da final: você é hexa? Logo alguém será...


maestro...E será o Flamengo? Desde 1992, a maior torcida do mundo não se gaba de mais um título brasileiro. Desde então, sucessivamente o clube tem pagado o preço de direções amadoras que enganam a torcida com contratações marketeiras ou elencos indignos. A desgraça só não é maior porque nos momentos de crise a torcida é decisiva. Mas é muito pouco fugir para o rebaixamento e se classificar para a Libertadores quando títulos relevantes faltam. Desde 92 só uma Copa Mercosul e uma copa do Brasil se destacam entre cinco estaduais.

Desde o penta, vimos três títulos brasileiros em clubes do Rio com mais três clubes se aproximando do que até então era só nosso: o título de pentacampeão. Em 2007, a proximidade virou realidade. Em 2008, o Palmeiras quer ser o segundo penta e tem tudo para isso. E o Flamengo?

Todos sabem que o volante Gavillán deve sair do Flamengo, apesar de ter chegado para participar da Libertadores não foi capaz de ser sequer reserva de Cristian por causa de Jaílton, o volante-revelação da copa de 2010, pela seleção africana. Agora, é o zagueiro Rodrigo quem deve sair. Com isso, vemos a possibilidade de um elenco forte para a disputa do Brasileiro depender de um título da Libertadores que fica mais difícil sem uma zaga reserva (Thiago Salles ainda é imaturo e Leonardo e Rodrigo Arroz eu não comento) e sem reservas para todas as outras posições (além da zaga, Renato Augusto, Cristian, Bruno e Juan não possuem quem os substitua e mantenha o nível).

Não é impossível vencer, mas em uma competição tão forte é perfeitamente possível sair a qualquer momento. E se sairmos, após o adiantamento das cotas da Petrobras e da TV e sem nada para receber como entraremos no Brasileiro? Aguardem a venda de algum jogador na Gávea. E, certamente, será o nosso único meia armador - que nem é mais 100% do Flamengo, assim como qualquer jogador das divisões de base - que é o único capaz de sustentar a Gávea por...Sei lá, dois meses?

Não sei o tamanho do abismo, mas cansa ver sistematicamente elencos rubro-negros serem desmanchados após cada derrota sem tempo para ganharem entrosamento e formarem equipes vencedoras. Em 95, poderíamos ter disputado o Brasileiro se a comissão técnica tivesse sido mantida. Não foi. E freqüentemente isso ocorre com os erros se repetindo. A única coisa que não se repete são os títulos importantes da década de 80.

Esse é o elenco mais forte que temos desde muito tempo. O medo é que além de Gavillán e Rodrigo, tudo indica que Renato Augusto, Diogo Tardelli e Ibson não continurão também. As contusões virão, mas os reforços parecem distantes (se mal podemos pagar os que estão lá). Enquanto isso, a torcida grita Obina! Obina! E a música que dizia "só o meu Mengão é penta" fica cada vez mais desatualizada e sem sentido.

Uma pequena lista de recordações:

1994: O Brasil é penta não é penta. E o Flamengo também é. A dupla Sávio e Magno não parece ser muito capaz de levar o time ao hexacampeonato. Mas parece que isso vai mudar...


melhor ataque do mundo?


1995 - Ano do centenário. Ninguém pensou em reforçar o time antes para o ano mais importante do clube. De qualquer jeito, o Flamengo começou bem contratando o maior jogador do mundo com um elenco razoável (com jogadores como Charles Guerreiro, Sávio e Fabinho). O imprevisível ocorreu e perdemos um título de forma vergonhosa. Acontece. É do futebol. Romário brigou com o melhor técnico brasileiro e no Flamengo quem sai é o técnico. Terminamos os cem anos fugindo do rebaixamento, mas com um monte de musiquinhas novas que não apagam o fracasso do centenário. Com Bad Boy no seu time, você já pode comemorar.

1996- Os cem foram águas passadas. Contratamos o técnico das laranjeiras e montamos um bom elenco, quase tão bom quanto o desse ano (em 96, o Joel escalava o atacante Marques de meia e em 2008 ele escala o meia Renato Augusto de atacante), com vários jogadores do Fluminense e outros que se recuperaram no banco do Fla: Amoroso, Djair, Gláucio, Iranildo etc. O elenco foi desmantelado com Romário saindo e Bebeto voltando. Com um time titular treinado apenas para jogar no contra-ataque e sem reservas fortes, o time fugiu de novo do rebaixamento. Bebeto - que era jogador de toque e não de arrancada como o baixinho - não se adaptou ao esquema - na verdade, o esquema deveria ter se adaptado ao Bebeto, mas who cares? - e saiu pela porta dos fundos, sem o respeito que merecia.

1997- Título estadual e retranca não combinam com o Flamengo. Por isso, sai Joel Santana e vem Junior Capacete, grande ídolo do Flamengo, e também vemos o retorno do baixinho salvador, que não traria títulos (de novo). O time começou com um futebol totalmente voltado para o ataque, mas não resistiu aos resultados ruins. Junior caiu rapidamente e, enquanto isso, o Bosta seria campeão estadual e o Vasco venceria o título brasileiro, ensinando como é se preparar para o ano do centenário, que seria em 98. Tião Rocha aparece de pára-quedas, levou o Flamengo à final da Copa do Brasil. Aquele era o ano para voltamos para a Libertadores. Era.

Infelizmente, o Nélio parou na marcação de Roger, Fábaiano não marcou Carlos Miguel e um gol ao final do jogo acabou com nossas chances. Romário foi para o Valencia porque alguém na Gávea acreditava que Lúcio Bala, Iranildo e Sávio jogariam melhores sem ele. Tião caiu, veio Autuori e o Flamengo conseguiu seu melhor resultado em Brasileiros desde 1992. O ano terminou com Sávio sendo vendido e vindo os dois melhores jogadores do brasileiro depois de Edmundo e Juninho Pernambucano: Rodrigo Fabri e Zé Roberto. 1998 prometia. E prometeu.

Update: Evandro Chaveirinho, destaque daquele ano, ganhou em 2008 R$1 nilhão do Flamengo por salários atrasados. Os atrasos ocorreram na gestão de Kléber Leite no mesmo ano em que Lúcio Bala foi contratado por R$4,5 milhões (segundo a imprensa).

1998- Técnico campeão e a manutenção do time que foi tão bem em 97. Além disso, teríamos Zé Roberto, Rodrigo Fabri, Palhinha e Clayton (campeões da Liberta com Autuori), Romário (após um ataque ineficiente) e sei lá mais quem. Ninguém pára a Selefla, especialmente a Jamaica. Infelizmente, depois de uma derrota para o Bangu os dirigentes demitiram o técnico e trouxeram quem? Quem? Claro, Joel Santana. O Vasco foi campeão estadual e da Libertadores (invicto) e Kléber Leite encerra seu mandato com um título estadual e um recorde de contratações que leva alguma novela obscura a se referir ao Flamengo como "balcão de negócios".

Ah...Enquanto isso, Zé Roberto é vendido no meio do ano e se tornaria um dos jogadores mais regulares da seleção nos anos seguintes. 98 prometia.

1999- Eurico fala M..., somos campeões estaduais com Romário, Iranildo, Athirson e Carlinhos. No fim do ano, Romário explica porque é uma uva e sai. Somos campeões da Mercosul e o baixinho parece não dar mais saudades. Enquanto isso, entra a parceria da ISL que parece representar para o Flamengo o que a Parmalat foi para o Palmeiras. Será? Só imaginação...

2000- O raio cai de novo e o Vasco é vice, perdendo para um Flamengo ainda pior do que em 99. Esse ano, Zagallo faz o impossível e até o Lê joga bola, perdendo e fazendo um gol de pênalti ao mesmo tempo. E eu nem vi porque fechei os os lhos no maraca.

2001- Outro raio, mas o nome dele é Petckovic. Zagallo sai do Flamengo, com os salários atrasados. Acho que o Pet ainda recebe salário dessa época. Somos campeões da copa dos campeões.

2002- Derrota para o Flu. Nada de título. Lula Pereira, que hoje treina o Ceará, comanda o clube. Disputamos a Libertadores depois de nove anos e saímos na primeira fase.

2003 - Nada de título. Sai Evaristo, vem Nelsinho Batista e perdemos mais uma Copa do Brasil para o Cruzeiro com Athirson encerrando, de forma melancólica, a sua carreira que deveria ser brilhante.

Os jogadores cantam "dinheiro" ao ritmo de "poeira", de Ivete Sangalo, protestando contra os salários atrasados.


Três gols


2004- Vasco vice de novo. Jean faz três gols pela primeira e única vez em sua vida. Abel Braga e seu elenco entram para a história com o maior vexame do Flamengo: perdem o título para o Santo André. A diretoria crê que a culpa é do Abel - onde já se viu não fazer Negreiros e Da Silva jogarem bola? - e o demitem. Andrade fica uma semana e sai. PC Gusmão fica uma semana e sai. Andrade fica três dias e sai. Ricardo Gomes fica dois meses e sai. Andrade fica um mês e sai.

O elenco é quase todo mantido (a culpa deve ter sido toda dos técnicos). Exceto Felipe porque a diretoria devia querer prestigiar quem não foi na aula da escolinha que ensinava passe, chute, gol e outros detalhes do futebol.

2005- Nada. Cuca chega e sai. O Flamengo perde um dos técnicos mais promissores do futebol brasileiro que não teve chance de fazer na Gávea o que faz hoje no Botafogo. Mas tudo bem porque no mesmo ano, o Flamengo confirma sua vocação de "empregador de técnicos" e fecha o ano com os seguintes: Andrade, Celso Roth e Liminha. Joel Santana chega e salva o time do rebaixamento, mas não ganha estátua.

2006- Vasco vice de novo, mas melhorou: é da Copa do Brasil. Waldemar Lemos/Nei Franco levam ao time a Libertadores depois de...Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete - respira! - oito, nove, dez - respira!, onze, doze e...Treze anos! Ufa.

2007- Com um elenco ridículo, o Flamengo se despede da libertadores nas oitavas. Kléber Leite diz que o elenco é uma maravilha, Nei Franco concorda e caminhamos ao rebaixamento. Joel chega e efetua dois milagres: foge do rebaixamento e chega à Libertadores com a ajuda de Ibson, torcida rubro-negra e Fábio Luciano que comandam a reação para a melhor colocação em brasileiros desde 97. Joel ainda não ganhou a estátua. O clube mantém a base e faz grandes contratações. 2008 promete...

Perceberam? Ano após ano, o Flamengo contrata e demite em um curto espaço de tempo. Enquanto não houver um planejamento a longo prazo vamos depender de sucessos imediatos que podem vir, mas também podem não vir. Quanto tempo os últimos campeões levaram para formarem seus times? A Tropa de Elite não tem nem mesmo um ano jogando junta.

O ano começou bem, mas pode terminar de forma melancólica se os dirigentes não conseguirem manter o elenco do Flamengo. Contar com Rodrigo Arroz, Thiago Salles, Jaílton etc. em qualquer situação é sinal de derrota. Imaginem disputar um jogo da Libertadores com Leonardo e Rodrigo Arroz de titulares? Ou um meio campo formado por Jaílton, Cristian, Vinícus Pacheco? Enquanto saem Ibson, Rodrigo e Gavillán ficam Collace (quanto esse cara ganha?) e Jaílton. É demais, meu rei.

Para disputarmos o brasileiro esse ano o elenco precisa ser mantido com os jogadores que não produzem indo embora. Rômulo, Aílton, Erick Flores e Paulo Sérgio custam menos do que Collace, Obina (sim, eu quero ele fora), Jaílton e outros. E estão em forma. Além disso, se forem vendidos renderão dinheiro. Não é razoável ver o time fugindo do rebaixamento ou se contentando com a Sul-Americana. O Flamengo precisa vencer os títulos relevantes ou vai se tornar um clube regional.

Em 2009, tenho certeza que Palmeiras, Bostafogo, São Paulo e Cruzeiro disputarão títulos importantes. E o Flamengo?

Flamengo Net

Comentários