terça-feira, 29 de abril de 2008

Estão esperando dar merda

Depois do que se viu nas arquibancadas do Maracanã domingo passado, o presidente da Suderj, Eduardo Paes, ensaiou dar à torcida rubro-negra o espaço das cadeiras amarelas que normalmente seria dos botafoguenses. Imediatamente, o Montenegro apareceu rechaçando a possibilidade, avisando que a torcida do Botafogo vai dar as caras esta semana.

Não sei se Montenegro tem procuração de cada torcedor botafoguense para poder afirmar que eles aparecerão no estádio desta vez, mas isso na verdade pouco importa (até porque a PM já avisou que a idéia não vai ser colocada em prática, por motivos de logística). O fato é: estão esperando dar merda pra resolver este problema da divisão do estádio entre as torcidas, que não aconteceu só neste último jogo.

Acredito que boa parte dos leitores do blog se lembre como era o Maracanã antes da colocação das cadeiras no anel superior: sentava todo mundo no cimentão mesmo e não havia divisão de setores. Cada torcida ia ocupando seu lado, com um cordão de isolamento formado por policiais no meio. À medida que uma torcida ia se aproximando da lotação de seu espaço, o cordão se movia, diminuindo a área da torcida menor (enquanto os da maioria gritavam o tradicional "uh, uh, vamo invadí!"). E assim se conseguia fazer uma divisão mais ou menos proporcional à quantidade de torcedores de cada time, embora isso não funcionasse 100%.

Com as cadeiras e as novas divisões de setores, isso acabou. Definiu-se que as brancas são neutras (o que, na prática, não acontece em jogos do Flamengo) e que cada torcida fica com as verdes e amarelas inteiras de seu lado - não importa se estão superlotadas ou às moscas.

Quem é rubro-negro sabe o que é o perrengue que se passa a cada clássico de casa cheia. Normalmente, a torcida do Flamengo é maior - a diferença varia de acordo com a importância do jogo e com o momento dos times, mas em geral é o que ocorre. E aí acontece de termos 60%, 70% ou até mais do público ocupando 50% do estádio. O problema não é só durante o jogo, mas também na entrada e na saída - o fluxo de pessoas pelos acessos de um lado e de outro é totalmente desproporcional. Eu mesmo já entrei algumas vezes pelo lado da torcida adversária, em silêncio, por ver que ia acabar perdendo o jogo se insistisse na entrada superlotada dos rubro-negros.

Claro, quem é Flamengo sofre muito mais com isso. Mas o mesmo acontece com torcedores dos outros times quando se enfrentam; amigos meus tricolores falaram do perrengue que passaram na final da Taça Rio, quando a torcida do Botafogo igualmente não apareceu.

A questão aí não é só de simples conforto (ou do direito de ter meu espaço pra assistir ao jogo igual ao do botafoguense que pagou o mesmo preço pelo ingresso), mas de segurança. Já se viu acontecer uma tragédia por problemas de superlotação em um ponto específico do Maracanã, e só aí foram fazer reforma pra resolver aquele problema. Agora vai ser a mesma coisa?

Alguma solução tem que ser pensada para isso. Se gasta muito tempo e dinheiro com reformas no estádio, muitas vezes pra questões que afetam bem menos a vida de quem vai ao estádio.

Flamengo Net

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