quinta-feira, 1 de novembro de 2007


Enterro de primeira para um defunto de Segunda.

Ah, como foi fácil. Que moleza. Parecia até que era jogo contra o bacalhau. Todo mundo viu, pelo menos quem foi ao Maraca. Nem com aquele gol cagado e desprovido de sentido os caras conseguiram assustar o Mengão. A tal invasão gambática? Meu compromisso com a verdade e com a precisão numérica me força a confessar: errei muito nos meus prognósticos sobre o comparecimento da maior torcida da Segunda Divisão (melhor que nada, finalmente são os maiores em alguma coisa). Eu, imprudente, escrevi ontem que ia ter mais caronas e penetras no Maraca do que simpatizantes do timinho. Maldito bocão esse meu, a verdade é que tinha mais vendedor de Mate Leão (não estou contando os vendedores de Guaráplus) do que curintianus no estádio. Errei feio, reconheço. No Maracanã, confiram nas imagens, só tinha rubro-negro.

Desses grosseiros dados demográficos só podemos chegar a algumas conclusões toscas. A primeira é que os manos não são capazes de encher sequer uma fileira inteira das cadeiras azuis do Maracanã. A ubiqüidade da torcidinha deles é apenas mais um mito que o Flamengo destruiu esse ano. A fidelidade da gambazada se restringe aos limites imprecisos do ABC Paulista. Vocês sabem, de São Bernardo à Diadema ou Engenheiro Feio basta virar uma quebrada. A Grande São Paulo não passa de um ajuntamento de fins de mundo unidos pelo sotaque de call center. Só a ignorância dos pobres habitantes da megalópole sem praia, que não conhecem o mundo ao seu redor, pode justificar o delírio insano de se pretenderem a maior torcida do país. Preferia poder livrar a cara de alguns bons amigos que sofrem dessa moléstia, mas a minha inexperiência no diagnostico psiquiátrico só me permite concluir que os gambá é tudo maluco.

Aprendam de uma vez por todas. Torcida fodona mesmo, que faz diferença, só a do Flamengo, que ontem ganhou mais uma partida praticamente sozinha. Eu sei que sou muito repetitivo falando toda hora sobre a incontestável supremacia da nossa torcida lindona e indomável, mas se até esse dogma os arrivistas do futebol munidos de crachá de Imprensa querem colocar em questão, como permanecer omisso? Como não falar da nossa torcida? Ela é o melhor jogador disparado de todo o campeonato. Se o Mengão não tivesse aberto mão de sua maior vantagem comparativa, por causa do Pan, nas primeiras rodadas do campeonato, é mais do que evidente que estaria brigando pela ponta do Brasileiro mais baba dos últimos anos. Basta ver a qualidade do timinho que ganhou o campeonato com 5 rodadas de antecedência. O tempora, o mores!

Claro que vamos falar um pouquinho do jogo. Mas muito pouco, que isso aqui não é jornal. É impressionante como o Flamengo se atrapalha quando enfrenta adversários de menor porte e tradição. Parece até que os nossos jogadores (muitos egressos de times condenáveis) se condoem da situação precária dos colegas de profissão em posição de inferioridade que enfrentam e evitam mostrar todo o brilhantismo e superioridade técnica, tática e moral que o simples envergar do Manto Sagrado confere a qualquer come-e-dorme. É aquela situação sem graça do cara que trabalha na IBM e encontra o amigo da faculdade que trabalha na Cia. de Transformadores Santa Terezinha. Por mais que haja brodagem, rola sempre um mal estar. Quem acompanha o Flamengo se lembra de quantas vezes isso aconteceu em 2007. Contra o Madureira, na final da Taça Guanabara, contra o Time de Boneca, na final do Carioca e ontem, contra o timinho. Em todas essas ocasiões, que ao fim e ao cabo se tornaram festivas, o Mengão deu a chance ao adversário de nos chutar na canela antes de serem finalizados de maneira categórica e impiedosa.

Eu já nem quero mais falar nesse jogo menor, nossa trajetória rumo ao campeonato AA do continente deixou de ser sonho. Hoje é uma realidade pujante e um objetivo consciente, união sinistra que derruba muita gente. Mas não posso me furtar a um ultimo comentário. Que ironia o nosso segundo gol. Uma chinelada sensacional de Roger, o chinelo de ouro do futebol mundial, jogando uma pá de terra sobre o esquife dos caras que ainda pagam metade do salário dele. Se eu estou passando mal até agora com essa, imagina a gambazada.

Mengão Sempre

Flamengo Net

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