segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Sobre defender e atacar

Muito se fala que o Flamengo está sendo armado para atacar com seus laterais, vistos por todos como principal arma ofensiva do time. Pois permitam-me discordar. O Flamengo está sendo armado para defender sem seus laterais. É diferente.

O time está jogando com três zagueiros (sim, porque o Rômulo se coloca muito mais como zagueiro do que cabeça-de-área - e o posicionamento dele no lance do primeiro gol do Fluminense ontem é só um exemplo disso) e três volantes, além de termos atacantes que voltam pra marcar até a nossa intermediária. Meu irmão comentava que ficou preocupado no jogo contra o São Paulo quando o Maxi saiu, pois era ele que estava cobrindo o Léo Moura!

Tudo isso para que o Léo Moura e o Juan possam se lançar à frente como se não houvesse amanhã. Tudo bem, com esse esquema o time está segurando razoavelmente a situação lá atrás, apesar dos dois infelizes gols de ontem (em dois chutes errados do centro-avante deles - que pelo menos pegou bolas dentro da área para chutar em gol). Mas e na frente, como fica?

Todo mundo já percebeu que o Flamengo joga em função dos dois laterais. Inclusive os adversários. E toda vez que for preciso sair pro jogo, vamos assistir a um esquema preparado pra anulá-los. A questão é que não há um esquema pronto para atacar com eles, só para cobrir os seus avanços. Na frente, o jogo se resume a dar a bola para um dos dois e ficar torcendo para que resolvam a jogada sozinhos.

Assistam ao vt de ontem: toda hora é bola pro lateral, que encara de frente um marcador adversário, tendo um zagueiro atrás na cobertura. Nenhum jogador se aproxima pra dar opção. O tricolor sabe que a única alternativa de quem está com a bola é partir pro drible, sozinho - ou voltar a jogada. Fica muito mais fácil marcar assim, já sabendo o que o adversário vai tentar. Não há opção de tabela, de ultrapassagem, nada.

Como o Léo Moura até estava inspirado ontem, ainda conseguiu levar vantagem sozinho duas ou três vezes e criar uma confusãozinha na área deles. Mas o Juan não é nem nunca vai ser esse jogador. As qualidades dele são a disposição em arriscar jogadas e o fato de que pega razoavelmente bem na bola, mas não é aquele cara que entorta um adversário com seu drible, que encara dois ou três marcadores e leva vantagem. Pode ter ido mal ontem, mas por melhor que fosse, ele tem um limite e nunca iria criar naquelas condições. A coisa melhora um pouquinho quando o Maxi tá em campo, mas só pela disposição do argentino. Nada de ensaiado ou pensado, e muitas vezes ele acaba até ficando muito tempo sem pegar na bola, como aconteceu com o Toró ontem. Não é nem questão de chegar com pouca gente à frente, e sim desses que chegam não terem idéia do que fazer.

O Joel até já arrumou a casa lá atrás, mas tá na hora de pensar um pouco na frente também. Trabalhar a movimentação, ensaiar jogadas. E dar uma repensada nessa escalação, porque um tantinho de inteligência no meio-campo sempre vai fazer falta. Ontem o meio-campo tinha quatro volantes, no ataque havia um jogador que nunca atuou nessa função desde que chegou ao clube e a única opção pra mexer na frente era um garoto que ainda não tinha entrado pra valer como profissional. Fica complicado. E o elenco pode até ser limitado, mas o fato é que ele tinha o Leonardo e não o levou pro jogo porque não quis.

Estou curioso pra ver como ele vai escalar o Renato Augusto sábado. Se é que vai escalá-lo.

Flamengo Net

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