Por isso mesmo é bom, sempre que a chance se apresenta, doutrinar esses pobres de espírito com bons e legítimos causos flamengos. Não falo do desfiar interminável de nossos títulos e conquistas, provavelmente por inveja os anti-flamenguistas são imunes aos nossos incomparáveis lauréis esportivos, mas sim das estórias edificantes que acontecem cotidianamente com os membros da Nação. Estórias comuns, protagonizadas por gente comum e que por isso mesmo, comprovam a sacralidade da nossa crença e atestam o nível superior em que o ato de ser Flamengo se encontra em relação a tudo que seja terreno e material.
Esse causo que relato agora é verídico e se deu com um imenso, um gigantesco, torcedor rubro-negro chamado Eduardo Vinícius de Souza. Além de sócio emérito do Flamengo, Edu é uma referência nacional quando o assunto é o Patrimônio Histórico Rubro-Negro. Por amor à causa e paixão incontida pelo Flamengo, Edu, às suas expensas, organizou a maior coleção de artigos, Mantos Sagrados, publicações e memorabilia Flamenga que se tem notícia. Enquanto o Clube claudica na fundação de um Museu do Flamengo, o Edu vem paciente e criteriosamente montando esse acervo há mais de 40 anos. Um trabalho memorável, de extremo capricho e dedicação que merece todo o apoio do torcedor do Flamengo. Esse causo protagonizado pelo Edu ilustra muito bem a diferença entre o real valor das coisas e as coisas de real valor. Ele mesmo que conta:
A IMPORTÂNCIA DO MANTO SAGRADO
Sexta-feira, à noite, e lá fui eu ver o Flamengo enfrentar o América, no ginásio da Rua Campos Sales, pelo campeonato de futsal. Depois de assistir à vitória do Mengão por 3x1, me encaminhei à Rua Martins Pena, ali pertinho e... Cadê meu carro? Inacreditável! Levaram meu bólido, um Escort XR3 1989, velho de guerra. Na esquina, encontrei um amigo rubro-negro, tranqüilo e de poucas palavras, por coincidência morador da rua. Perguntei onde era a delegacia, contei o ocorrido e ele disse, sem se abalar:
- É, naquele pedaço é assim mesmo, de vez em quando levam um carro.
Desanimado, comentei ainda que o carro, por ser muito antigo, dificilmente
apareceria e ele concordou:
- É, também acho, eles vão desmontar o carro.
Aí lembrei que, na mala, tinha deixado uma camisa do Flamengo e ele reagiu:
- PUTA MERDA!! QUE AZAR!!
Para quem ficou preocupado se a camisa roubada junto com o carro era um Manto histórico daqueles insubstituíveis, não há motivo para alarmes. Edu me disse que era apenas (apenas?) uma Nike moderna, corrente e comum. Ufa! Agora na moral, essa estória do Edu é daquelas que diminuem os anti-flamengos às reais proporções da sua insignificância e elevam os rubro-negros à estatura de gigantes. Como diz o meu amigo Eric Boer, ainda bem que foi um carro velho e uma camisa nova. Se fosse o contrário seria um desastre!
Mengão Sempre
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