quinta-feira, 6 de setembro de 2007

A primeira noite de uns homens


Para encerrar suas fábulas protagonizadas por animais falantes o misterioso Esopo mandava sempre uma moral da estória. Na fábula O Corvo e o Jarro ele criou uma das suas mais famosas: A necessidade é a mãe de todas as invenções. A afirmativa vitória do Flamengo sobre o Figueirense na noite de ontem comprovou que o grego era mesmo sagaz. Impedido de escalar os ricos e famosos Joel teve que inventar um jeito de armar um Flamengo que fosse capaz de ganhar de outro timinho chato. E a invenção de Joel foi apelar pra nossa molecada feita em casa. Apesar do transtornante sufoco que levou no começo do segundo tempo até que esse time de wannabes se deu bem.

Além do fato raro de vermos o Mengão sacudir o filó do adversário 4 vezes, a partida que nos catapultou para a quatorzima posição serviu para quebrar vários tabus. Nunca tínhamos ganhando dos catarinas no Maraca, nunca tínhamos ficado com saldo de gols positivo nesse Brasileiro e (acho, posso estar errado) que ainda não tínhamos vencido numa quarta-feira à noite. Beleza, agora já temos 7 vitórias e 35 gols marcados, que não é nada de excepcional, mas já é o sétimo ataque da competição.

Mas o placar engana, o jogo foi complicadão. O Flamengo começou à meia-bomba, arrumou um golzinho bizarro e se acomodou. Os caras se ajeitaram em campo, melhoraram a marcação e o Mengão passivamente tomou o gol de empate faltando um segundo pra acabar, numa seqüência de falhas individuais inaceitável no futebol profissional. Aí o time vai pro vestiário e consegue voltar totalmente descafeinado, sem disposição nenhuma e pedindo pra tomar gol. Nossa sorte é que os caras são muito ruins, porque eles ficaram uns 15 minutos seguidos jogando linha de passe no nosso playground e só não marcaram porque são muito perebas. Foi muito preocupante, enquanto a brincadeira rolava nossos zagueiros só olhavam.


Os moleques até que estavam bem, Egídio, Thiago Salles e Rômulo mantiveram o bom nome da Gávea. O problema foi que Rodrigo Arroz exagerou no exercício do direito de ser ruim. Conseguiu a proeza de errar tudo que tentou, até no nosso primeiro gol, quando cabeceou bisonhamente pro lado errado, na direção oposta ao gol. Por sorte o seu marcador no lance era ainda pior e mandou contra. Joel é professor e provavelmente Arroz vai ficar de castigo no banco pra não dar mais tanto mole.

O jogo no segundo tempo ficou complicado até o penalty que Obina converteu com muita categoria. Ai o Figueira foi atrás do prejú, saiu que nem vaca louca e ficou mole pra gente. Nessa hora quem fez a diferença foram Toró e Paulo Sérgio. Os dois, sob a batuta do Ibson (outro home made) tomaram conta do lado esquerdo do campo e enquanto Toró mostrou muita disposição, Paulo Sérgio esbanjou visão de jogo. Eles estão de parabéns, foi a melhor atuação dos dois com o Manto Sagrado. Entraram em campo como moleques e saíram como homens.

No sábado teremos mais uma partida-chave para a nossa tranqüilidade nesse Brasileiro e contra o Inter lá no Sul é sempre pedreira. Joel vai ter que substituir o Christian, que vem mostrando regularidade na contenção e ontem jogou muito bem. Pelo que Toró jogou ontem, dessa vez ele não vai precisar inventar. Vamos com fé rumo ao dozimo lugar.

Mengão Sempre

Flamengo Net

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