Maria Lenk
A ex-nadadora Maria Lenk, 92 anos, faleceu no início da tarde desta segunda-feira. Ela teve um mal súbito quando treinava no Clube de Regatas do Flamengo. Após ser retirada da piscina foi prontamente atendida pelo departamento médico do clube, que constatou pressão baixa e dificuldade respiratória. Depois de ter recebido oxigênio, foi levada de ambulância - lúcida, mas sem conseguir falar - para o Hospital Copa D´Or, no bairro de Copacabana, zona sul carioca. Seu velório será no próprio Flamengo e atendendo a instruções anteriormente dadas a seus familiares residentes no Brasil, seu corpo será cremado.
Maria Emma Hulda Lenk, nasceu em São Paulo, em 15 de janeiro de 1915, três anos após seus pais imigrarem da Alemanha. Ela foi a primeira mulher sul-americana a tomar parte nos Jogos Olímpicos em 1932 e também leva o crédito de ter sido a primeira a nadar o estilo borboleta/peito nos Jogos Olímpicos de 1936.
Recordista mundial dos 200 e 400 peito em 1939, foi nossa primeira e única recordista mundial em todos os tempos. É também a única brasileira a integrar o International Swimimng Hall of Fame.
Nesta relação de tantos feitos parece que foi fácil, mas Maria Lenk precisou vender café a bordo do navio no caminho para Los Angeles em 1932 na sua primeira aparição olímpica. Ela chegou as semi-finais dos 200 peito em Los Angeles e também nadou os 100 livre e os 100 costas. Maria Lenk nadou com um maiô emprestado e teve de devolver logo após as provas. Em 36, agora em Berlim, Lenk chegou novamente as semi-finais dos 200 peito desta vez utilizando o seu nado com braçada de borboleta e pernada de peito.
Com os recordes mundiais estabelecidos em 1939, Maria Lenk era a favorita para as medalhas de ouro nos Jogos de 1940 marcados para Tóquio e depois Finlândia, e ambos foram cancelados devido a guerra. Sua fama continuou a crescer mesmo nunca mais tendo tido a oportunidade de nadar uma Olimpíada. Ela esteve em 1942 numa turnê de uma equipe Sul-Americana por 20 cidades dos Estados Unidos. O grupo tinha seis homens e a pioneira Maria Lenk. Doze recordes americanos foram estabelecidos e ao final Maria Lenk acabou ficando para estudar educação física no Springfield College.
Maria Lenk leva um legado muito grande pela sua coragem e exemplo. Na década de 30, as mulheres não eram entusiasmadas para fazer esporte, até pelo contrário, pois se dizia "que mulher que faz esporte não pode ter filhos"; Ela também quase sempre nadou sem técnico e seguindo seus próprios métodos de treinamento.
Maria, a então simpática velhinha, nadava religiosamente todos os dias na piscina da Gávea. E, aos 92 anos, ainda competia pelo Flamengo Masters de natação.
* 1915
+ 2007
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