segunda-feira, 9 de abril de 2007


As origens obscuras da frase Uma Vez Flamengo, Sempre Flamengo.

Você já parou pra pensar em que mente poderosa e onisciente se teria cunhado a frase que traduz a nós rubro-negros como torcedores, e por extensão, como seres humanos, com tamanha exatidão? Uma Vez Flamengo Sempre Flamengo. Uma frase tão perfeita e lapidar que desde 1936 suas vinte e oito letras, ao lado dos nossos escudos, chancelam todos os documentos oficiais do Clube de Regatas do Flamengo.

Quem teria sido o redator capaz de tão perfeita oração? Certamente um imortal da Academia, ou quem sabe um estudioso da alma humana. Muita gente pensa que Lamartine Babo, um músico americano, pudesse ser capaz de criar o lema imortal que expressa a inevitável perpetuidade do nosso amor ao Mais Querido. Pensam errado. Há também os românticos que pensam que é uma daquelas frases que nascem da voz rouca das ruas e arquibancadas, talvez, quem sabe, de uma boca desdentada de um poeta popular elegantemente trajado com o Manto. Mas os românticos erram também.

Felizmente para a memória e para as futuras gerações de rubro-negros essa frase histórica e imortal tem autor conhecido, ainda que não reconhecido na proporção justa ao tamanho de seu feito. Seu nome é Júlio Silva e merece todas as nossas homenagens. O pernambucano e rubro-negro de quatro costados Júlio Silva já teria seu lugar reservado na História brasileira por ser o criador e mantenedor desde 1919 do famoso Bloco do Eu Sozinho, que não foi criado por Los Hermanos. O original bloco de carnaval composto de apenas uma pessoa. Ele mesmo, vestido com uma camisa listrada e uma calça de cetim, conduzindo seu micro-estandarte. Em 1929, Júlio Silva participou de um concurso promovido pelo Flamengo para escolher uma frase que traduzisse o estado de alma de quem professa a religião vermelha e preta. A frase com que venceu o concurso ficou quase tão grande quanto o próprio Flamengo: Uma Vez Flamengo, Sempre Flamengo.

Júlio Silva faleceu em 1979, sem deixar continuador de sua original idéia que esteve presente em todos os carnavais cariocas desde o ano de 1919 até os anos 70. Mas a sua contribuição aos ritos da paixão flamenga ultrapassou as barreiras do tempo. Uma Vez Flamengo, Sempre Flamengo tornou-se a frase de abertura de nosso hino e mantra oficial da maior torcida do sistema solar, repetida bilhões de vezes ao redor de todo o planeta.

Júlio Silva é a minha primeira sugestão de um civil para figurar no Panteão Rubro-Negro.


Mengão Sempre

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