quinta-feira, 22 de março de 2007

A maré virou

Todo mundo aqui assistiu o jogo e tem suas opiniões. Eu tenho as minhas, talvez vá soltando elas aos poucos nos comentários, sei lá. Mas não são considerações técnicas ou táticas que quero fazer aqui agora. Apenas quero dividir com vocês a alegria que senti ao sair do Maracanã ao perceber que as coisas realmente mudaram.

Andava com minha latinha na mão comentando com os amigos: ontem foi muito bom porque ganhamos; mas se o golzinho do Souza não tivesse saído, eu teria ido pra casa p* da vida com a quantidade de gols perdidos. Só no segundo tempo foram uns 4 ou 5 daqueles inacreditáveis.

Foi quando me dei conta: se este jogo de ontem tivesse sido há dois anos atrás, nunca teríamos ganho. Os gols perdidos se sucederiam e o time não sairia do zero. E em algum momento o Paraná faria um golzinho muquirana, provavelmente do Vinícius Pacheco. Eu olharia inconformado aquela meia dúzia de paranistas pulando do outro lado da arquibancada. Daria pra ouvir inicialmente os gritos de comemoração dos caras no gramado, pra logo depois serem abafados por xingamentos generalizados da torcida aos nossos jogadores, um por um. "Esse Renato Augusto, tem que emprestar ele pra virar homem!"

Quantos jogos assim não assistimos nos últimos anos? O time criava, criava, criava, e lá estavam nossos jogadores incapazes de colocar a bola pra dentro. Até a hora da inevitável pixotada do Fernando, ou do frango do Diego, ou de seja lá o que fosse. O time podia até jogar bem, mas se não era final contra o Vasco, não tinha jeito.

(Fora isso, o jogo não seria pela Libertadores; ou estaríamos sendo eliminados da Copa do Brasil, ou nos afundando na luta pra fugir do rebaixamento.)

Mas pois é, a bola ontem entrou. E o fato é que eu fui pro Maracanã achando que a bola entraria. Nem me dei conta de que faltava tão pouco pra terminar o jogo - o gol ainda não tinha saído, é óbvio que a partida não ia terminar ainda. Hoje, vamos ao estádio ou sentamos na frente da TV sem estarmos já nos preparando para o pior. Graças a trabalho, simples trabalho, desapareceu aquele Hardy (era esse o nome, não era) dentro de nós repetindo: "isso não vai dar certo... Ó vida, ó azar...". É um alívio!

E o fato é o seguinte: o Inter tá na vala, o Grêmio já perdeu duas aí essa semana, o São Paulo perdeu lá pros mexicanos e tá empatado com o possante Audax do Chile. Boca e River patinam e o resto - chilenos, uruguaios, paraguaios e etcéteras - nunca vai deixar de ser o resto; podem até ser bons, podem vencer grandes jogos e até campeonatos eventualmente, mas não serão nunca de se temer de véspera. Escalação por escalação, ninguém é muito melhor que ninguém (com a excessão, na minha opinião, do Santos, por causa do Zé Roberto. Só dele matar a bola você percebe a diferença gigantesca em relação aos outros à sua volta). Portanto, enquanto estivermos ganhando, é pra acreditar. Seremos campeões sim, por que não? Se no geral a imprensa continua não levando a sério, azar o deles.

Flamengo Net

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