quarta-feira, 28 de março de 2007

Eu vi o Zico

16 de fevereiro de 1986. O ano que Ele humilhou de forma suprema, o time das laranjas. E nesse dia, eu vi o Zico. Não só eu, mas um Maracanã lotado também viu. E aplaudiu. Até quem perdeu teve que concordar com o show. Chamado de bichado, xingado, vilipendiado, Ele colocou suas chuteiras e no 1º tempo deu o primeiro tiro. De cabeça começou a destruir o tricolor. Os caras cometeram a pachorra de empatar com um tal de Leomir. Herege! Era o dia do Enviado e como esse anormal resolve fazer um gol, atacar as sacro-santas redes do Flamengo?

Mas Zico, aquele cujo sangue real corre nas veias, o enviado do Deus Flamengo para levar a enorme Nação às glórias máximas, deu o segundo tiro. O goleiro (sic) deles nem vu de onde veio e para foi a bola, apenas ouviu o rugido ensurdecedor às suas costas e tremeu. Mais estava por vir. E veio, através de um garoto magro, desengonçado mas que seguindo as ordens do Enviado, apunhalou mais uma vez o inimigo.

O povo estava feliz, porém não satisfeito. Como em todas as execuções em praça pública, a sede de sangue só é saciada quando a cabeça arrancada é exibida. Quando o último e derradeiro golpe é desferido naquele corpo quase sem vida. E esse é o golpe que todos mais querem ver.

Um pênalti, todas as câmeras apontando para Ele, o goleiro (sic) já sabendo que o desfecho é inevitável. Zico faz. Zico mata.

Nesse dia eu vi, pela primeira vez ao vivo, no estádio, Zico, o Rei. E sei exatamente o que aquele garoto sentiu quando esteve frente a frente com Deus. Eu me sentiria assim, se O encontrasse hoje.

Zico possui a chave do Panteão dos imortais. Ele foi, dentro e fora de campo, a regra a ser seguida. E que os demais times morram de inveja. Ninguém teve um Zico. Ninguém é como Zico.

Long live the King.

Flamengo Net

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