terça-feira, 27 de março de 2007


ATUALIZADO

Academia Rubro-Negra de Letras

Nos dias cinza e sem sentido em que o Mengão não cumpre com sua missão cósmica de vencer, vencer, vencer é natural que os mais saudosistas se entreguem aos devaneios nostálgicos próprios de gente velha. Pra quem nos anos 70 subia correndo a rampa do Maracanã pra não perder o momento em que antes do jogo o Zico saudava as arquibancadas, após a canhestra exibição de domingo só resta abrir o armário das memórias empoeiradas e descer aquelas velhas Placar dos anos 80. Por pior que tenha sido a derrota não há dor que não se mitigue quando aquelas páginas se abrem derramando História vermelha e preta.

Depois de testemunhar tanta canelada e chute ruim do nosso ataque ver as fotos dos nossos craques imortais já é suficiente pra dar vontade de chorar. É muito atacante bom usando o Manto. Muitos deles, ainda que congelados nas fotos nos dão a certeza de serem mais velozes, mais raçudos e mais flamengos que qualquer um do time atual. Dá até pra montar um time só com nossos centroavantes históricos. Quem sabe assim os nossos limitadíssimos atacantes atuais tomassem vergonha na cara. Gaúcho no gol (grande pegador de penais), Luizinho Tombo na lateral direita pra aproveitar a velocidade, Quita e Beijoca que eram bondes ficam na zaga pra enfiarem a porrada nos atacantes adversários que quisessem fazer graça e Luisinho das Arábias pela esquerda fecha a defesa. No meio iríamos com Silva na contenção, Leônidas na criação e Doval na ponta-de-lança. Na frente Cláudio Adão, Nunes e Liédson pra não deixar passar nenhum ataque em branco. No banco ainda teríamos Dario Peito de Aço, Edmar, Leandro Piu-Piu, Baltazar, Almir, Valido e Pirilo. Com esse time eu garanto que não tinha 0 x 0.

E nesses devaneios surgiu uma idéia. Por suas dimensões intergalácticas, sua torcida incomparável, etc, etc, etc e até por uma simples questão de justiça o Flamengo merecia ter alguma coisa do tipo Hall of Fame, ou Academia Rubro-Negra de Letras onde a memória dos nossos bravos se preservaria com toda a pompa que merece. Imaginem o potencial educativo desse panteão, capaz de mostrar com eloqüência e com exemplos incontestáveis paras as novas gerações que desde que o mundo é mundo (i.e 15 de novembro de 1895) que existem jogadores e jogadores e que não há forma mais estúpida de ser injusto do que tratar os desiguais como se iguais fossem. Para tal panteão rubro-negro muitos seriam lembrados, mas muito poucos seriam escolhidos. Ano após ano os campeonatos nos provam que o futebol é algo muito sério pra ser deixado apenas com os jogadores e dirigentes. Por isso é fundamental que esse panteão, a nossa Academia Rubro-Negra, esteja sempre sob controle dos torcedores mais antigos, os anciãos flamengos, os únicos capacitados para olhar para nossa história secular com critério e isenção. Se pegássemos os moldes da ABL, com 40 cadeiras e jeton pros participantes das tertúlias já tenho até uma pré-lista dos nossos imortais:

* Com a troca de idéias surgida com o post me vi obrigado a fazer pequenas retificações na minha lista de imortais. Vou excluir o Gerson, o PC Caju e o Almir por excessiva exposição aos micróbios de nossos pouco higiênicos rivais municipais. No lugar dos contaminados entram Geraldo, Evaristo (o que certamente me reabilita como comentarista perante o meu pai) e Jaime sugerido pelo Gustavo, afinal a histórica linha média que entrou para o cancioneiro popular era Biguá, Jaime e Bria.
E vou barrar o Fio pelo seu apelo puramente folclórico e incluir o cara que tornou a própria existência do Panteão possível: Alberto Borgerth, que para os verdadeiros rubro-negros dispensa apresentações.

Então a minha lista fica assim agora:


Zico, Zizinho, Leônidas e Dida.
Rondinelli, Biguá, Reyes e Domingos da Guia.
Junior, Valido, Pirilo e Joel Palavrão.
Leandro, Carlos Alberto Torres, Adílio e Doval.
Nunes, Andrade, Mozer e Julio César Uri Geller.
Raul, Garcia, Silva e Jordan.
Evaristo, Jaime, Bria e Carlinhos.
Jair Rosa Pinto, Dequinha, Zagallo e Nélio Marreco.
Carpegiani, Silva, Moacir e Perácio.
Junqueira (autor do nosso primeiro gol sobre os imundos), Liminha, Alberto Borgeth e Geraldo Assoviador.

Dá pra notar de primeira que depois do Nélio em 92 não entrou mais ninguém na Academia? Pois é, no meu critério pra entrar tem que merecer. E aí, você se sentiu representado nessa listagem ou acha que cometi injustiças terríveis? Os comentários agora são seus.



Mengão Sempre

* Um ultimo papinho à guisa de orientação para quem for elaborar a sua própria lista de imortais: o acesso ao Panteão Rubro-Negro é vedado aos reprovados no teste da farinha e aos praticantes de coisas com a bunda. Favor não insistir.

Flamengo Net

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