Torça! Apóie! Grite! Mas siga as regras.
Cada vez me convenço mais de que a torcida "organizada" do Flamengo possui um gerente interno no clube. A cada jogo, tenho uma séria desconfiança de que a torcida vai pro estádio com um script debaixo do braço.
O primeiro, e mais importante, ponto da cartilha do torcedor é vaiar todo aquele que tocar no imaculado artilheiro de 1,5 milhão de reais. Não passou a bola? É da panela. Substituiu? É burro, é jumento e outros adjetivos. Isso tudo mesmo quando o artilheiro de 1,5 milhão de reais não faz ABSOLUTAMENTE NADA que justifique R$1,50. Mas ele é O cara, então, todas as glórias para ele. Ele pode decidir num lance. Engraçado como isso se aplica a qualquer atacante. E se aplica mesmo. Basta a bola bater nele e ir para a rede que pronto, decidiu o jogo. Palmas para o craque.
O outro capítulo do Manual do Torcedor Contratado fala sobre xingar, vaiar, malhar o camisa 6. O mais engraçado, é que ele é o mesmo jogador que a torcida pede para jogar, quando o Goleador de Fla-Flus está aprontando as suas em campo. E quando ele entra, erra tudo que tenta, não marca ninguém, não cria absolutamente nada, está sempre "jogando com dores e no sacrifício" e sai vaiado. Mas continua sendo craque, porque em 375 A.C. ganhou um estadual para o Flamengo. Vai entender.
Isso sem contar o fantástico termo "mercenário" usado contra jogadores que NÃO recebem e ainda assim batem ponto e trabalham. Mal? Não produzem? E daí? Estão lá, não estão? Mas isso eu nem comento. Apenas rio.
E chega a hora que o torcedor, coerente e imparcial como ele só, se coloca contra a diretoria. Amadores, profissionais, estagiários, autônomos, o que forem, todos são taxados de incompetentes. O mesmo disco, ano após ano. Mas o engraçado da questão, é que quando os ingressos são distribuídos normalmente, criticar um dirigente é a senha para atendimento médico no posto de saúde do estádio. E quando não tem jabá, tem enterro simbólico na geral e protestos com todos vestidos de preto. Minha pergunta: se Zico for o presidente, terão essa mesma atitude e enterrarão o ídolo máximo? Não precisam perder o tempo respondendo.
E eu fui lá. Eu estava lá, torcendo, apoiando, mesmo sabendo que o time não fez por merecer durante todo o campeonato. Mesmo sabendo que no 30/06, a torcida apoiou, mas o time se acovardou. Tudo isso para ver um time que, depois de 40 jogos, finalmente fez seu primeiro gol de falta e só. Para ver um maestro desafinado que prefere ficar de birra com o juiz, ao invés de chutar a bola na área, pura e simplesmente. Aí o maestro é expulso e ganha um fim de semana de folga, enquanto o time encara mais uma pedreira. E no início do ano, eu li qualquer coisa sobre jogador expulso infantilmente acompanharia o time. Deve ter sido sonho meu.
Mas agora é secar. Vitória e o inútil Botafogo não podem ganhar. Com a derrota dos bananas de pijamas para o odioso Paraná e com a vitória sobre o Guarani, nós poderemos relaxar um minuto essa semana. Depois é trabalhar duro. Treinar arduamente e em dois períodos. Ficar depois da hora aprimorando as jogadas.
Ah é, o time cancela treinos. E o otário aqui, depois fica elogiando os profissionais, amadores, estagiários e autônomos que trabalham no clube.
domingo, 7 de novembro de 2004
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