Ser mulher, gostar de futebol e torcer para o Flamengo
Quando se fala em futebol, automaticamente o senso comum lembra da palavra homem. Ser mulher exige coragem e raça, pois a sociedade acaba nos privando de muitas coisas. O mundo é machista, ainda não conseguimos mudar isso.
Filha única de uma tricolor e de um vascaíno, senti na pele a pressão da torcida arco-íris. Meu amor pelo Flamengo, nasceu da paixão que sentia pelo futebol. Na infância até tentei jogar, mas logo veio o primeiro obstáculo: minha família. Cheguei a ouvir coisas como, por que você não faz dança ou natação?
Conseguiram me fazer desistir de jogar futebol, mas desistir do Flamengo nunca. Foi amor à primeira vista. E desde daquele momento o Flamengo para mim se tornou muito mais que um clube, passou a ser um estilo de vida. Preto e vermelho sempre foram minhas cores favoritas.
Não tive oportunidade de acompanhar de perto todas as glórias do mais querido, mas isso não importava, eu era flamenguista, fazia parte da nação rubro negra, isso era o suficiente. Sabia que ao ligar a tv ia me deparar com show de passes e dribles sem falar da festa da torcida que levava o time à vitória como se fosse o 12° jogador.
A oposição lutava, mas o Flamengo era absoluto. Nessa altura até meus pais já haviam desistido de me fazer passar para o lado deles.
Com o passar do tempo isso foi mudando. Vi o Flamengo sendo alvo de gente corrupta, mas devido meu excesso de otimismo ou de loucura talvez, prefiro pensar que essa fase é temporária e que nem todas as pessoas são mercenárias.
Não me sinto no direito de desistir de uma coisa que adotei como razão da minha vida. Minha tatuagem não vai sair de uma hora para a outra, não vou parar de ir aos jogos e muito menos de vestir o manto. Afinal faço parte do maior e posso até arriscar em dizer que é o único patrimônio do clube hoje: sua torcida.
Assumo minha tristeza nas derrotas, minha ira nas falhas, mas fui infectada por esse vírus rubro negro que não sei se existe cura e muito menos se quero ser curada. Passei por tantas coisas, tive que engolir vários sapos e esses sapos tem nomes, o maior deles se chama Santo André. Cheguei à conclusão também que não sofro de doenças cardíacas, pelo menos um ponto positivo.
E mesmo diante de tudo exposto acima, tenho orgulho de ser mulher, tenho orgulho de ser flamenguista!
***
Saudações rubro negras!
Escrever esse texto, reunir esse conjunto de informações, não foi fácil, até porque acho que não levo jeito para essas coisas, mas não poderia desperdiçar uma oportunidade como essa de escrever para o Blog, local que visito todos os dias e sempre fico admirada com belos textos. Agradeço de coração. Valeu.
quarta-feira, 10 de novembro de 2004
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