quarta-feira, 10 de novembro de 2004

1995

Algumas datas marcam a história de um povo, de uma cidade ou de uma geração. Para o bem ou para mal. Já conversei com alguns amigos sobre isso (devo até esse idéia ao nobre colega José Renato), e creio que o ano 1995 será considerado, por futuros historiadores, como uma data central na história do Flamengo. Eu sei que isso não parece muito "científico", mas acho que a partir daquele fatídico gol de barriga as coisas foram desandando lentamente.

Naquele ano, montamos um supertime, contratamos o craque da Copa, fizemos marketing, barulho, mexemos com a imaginação de todos os torcedores. O Flamengo se assemelhava a uma potência invencível. E naquele eletrizante Fla-Flu (do qual não me recuperei até hoje) tudo pareceu desabar. Desculpem o clichê, mas quanto maior a altura, maior o tombo. Não é preciso dizer que não foi uma derrota qualquer, mas algo que calou fundo em toda a torcida. Afinal, o Flamengo sempre foi reconhecido como um time de "chegada", e de repente estávamos na posição de um Golias arrogante derrotado por um exército de operários. E o que aconteceu desde então?

Os dirientes aprenderam e procuraram gerenciar o time de forma mais profissional e ajustada à realidade? Não. A espiral de contratações, gastos, folhas de pagamento virtuais, aquisições estapafúrdias e jogadas de marketing só cresceu, como se um dia pudéssemos remontar um "supertime" que finalmente nos redimisse de 1995. Vide o time de 2000, com Alex e Denílson. E parece que todos se esqueceram que montar um time de verdade implica um trabalho rotineiro e organizado, com um prazo mais longo e realista. Ganhamos campeonatos, é verdade, alguns até internacionais (Mercosul de 1999).Claro que vibrei muito em todos. Mas vivemos desde então de altos (alguns) e baixos, cada vez mais ameaçados pela humilhação do rebaixamento. Sei não, mas acho que 1995 não funcionou como uma lição.

Não acredito muito nisso (só um pouquinho), mas acho que depois daquele jogo, uma nuvem negra pousou no Mengo. Às vezes abre um solzinho, mas ela continua lá, envenenando as idéias de alguns com sonhos mirabolantes e fantásticos elencos "no papel". Enquanto isso, estamos tentando simplesmente organizar um time enquanto faltam apenas 6 rodadas para o final do Brasileiro.

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