Junior, 1000 jogos - Texto 13 - O reencontro com o passado - Por Carolina Elustondo*
Aprendi a amar o Flamengo bem pequena. Apesar de morar em Porto Alegre efreqüentar os jogos do Colorado, levada por meu pai, o velho gaúcho admiravao time carioca que ganhava tudo, quando eu tinha apenas poucos anos de vida. Entre idas e vindas de Porto Alegre para o Rio, acompanhava o time sempreque podia, com o apoio de meu pai. Ele me levava aos jogos, aliás, a jogosde vários times, o que me levou a ficar cada vez mais apaixonada por futebol. E Júnior tem um capítulo muito importante na minha história.
A primeira vez que vi Júnior em ação, no Maracanã, foi em 1983. Não lembro o jogo, não lembro o placar, muito menos o adversário. Só tinha quatro anos, e tudo em volta era uma grande festa. Lembro da torcida, lembro das pessoas comentando: "que gracinha! Já é Flamengo desde pequena!", lembro do picolé dechocolate que tomei, e lembro de Júnior. Até fui a outros jogos do Flamengo antes disso (é o que meu pai conta), mas lembro mesmo deste dia.
Júnior sempre me chamou a atenção. Gostava de vê-lo jogar, ficava encantada com a facilidade dele de conduzir a bola, e sentia a alegria que ele passava ao vestir a camisa do Flamengo. Pouco depois ele foi jogar no exterior. Continuei acompanhando o Flamengo, mas com muita saudade de Júnior.
Meus pais se separaram quando tinha sete anos. Meu mundo desabou. Aquele herói, que me carregava nos ombros pelos estádios, seja no Rio ou em Porto Alegre, não estava mais por perto para torcer comigo. Vim para o Rio com minha mãe e as chances de voltar aos jogos ficavam cada vez mais difíceis. Não tinha companhia, era pequena e minha mãe tinha medo de me levar aos estádios. O jeito era acompanhar pela TV e pelo rádio.
Quando meu pai vinha me visitar, a primeira coisa que pedia era para ele me levar ao estádio, para ver o Flamengo, para ver futebol. E para ver o Júnior, que voltara da Europa em 89.
Em 1992, na grande final do Brasileiro contra o Botafogo, voltei ao Maracanã. Desta vez sem meu pai. Já com 12 anos, minha mãe deixou que eu fosse ao jogo com um vizinho e o pai dele. Já havia visto Júnior em ação após seu retorno da Europa, mas aquele dia foi especial. Parecia que eu tinha quatro anos novamente, e Júnior desfilava sua desenvoltura pelo gramado, como nos velhos tempos. Ele já estava mais velho, eu também, mas a emoção era a mesma. Senti-me uma criança e ele correu novamente como um garoto, após marcar aquele gol sensacional. Abracei as pessoas à minha volta, e quando fechei os olhos, me vi nos ombros de meu pai, sorrindo, feliz.
* Carolina Elustondo, carioca com sangue gaúcho, 25, é repórter do Lance!
quinta-feira, 21 de outubro de 2004
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