terça-feira, 20 de março de 2012

Imprensa, torcida, notícia, fofoca...


Adriano nem fechou com o Flamengo e lá vem aquele papo de “jogador na noite não é notícia, é fofoca”, “imprensa quer vender jornal”, “BBB dos jornalistas”. Ou seja, o filme é o mesmo. Impressionante como o torcedor tem essa facilidade para mudar os rumos do assunto a seu favor, culpando a imprensa ou fatores externos, ao invés de admitir que o problema é caseiro. Parece um alcóolatra que não assume que bebe.Oh, wait!
Papo normal hoje em dia é dizer que a imprensa mudou e que o que não era notícia há alguns anos, hoje é manchete. Não, amigos. Não foi a imprensa, ou só ela, que mudou. Claro que com a entrada da internet e essas mídias sociais, a coisa aumentou e ainda estamos nos adaptando. Mas jogador notívago sempre existiu, tal qual a cobrança pelos resultados. Os tempos eram outros, mas a chateação era a mesma.
Porém, todatanto, entretudo, convia, os jogadores do passado (nem tão distante assim) correspondiam em campo e nos treinos. Um exemplo sempre puxado é o Renight Gaúcho. Exemplo errado, quando se trata de comparar com Adriano e/ou Ronaldinho.
Aos 30, idade de Adriano hoje, Renato Gaúcho já havia conquistado um Mundial Interclubes e uma Libertadores pelo Grêmio, um Brasileiro e uma Copa do Brasil pelo Flamengo, Copa América, minieor, gaúcho, carioca e outros troféus menores, jogou uma Copa do Mundo, além de ser um atacante respeitado e temido por qualquer zaga. E estava em forma, tanto que cinco anos depois, já mais redondo pela idade e cervejas, ganhou o estadual e levou a Flu ao terceiro lugar no Brasileiro, e em 97 foi importante na nossa campanha no mesmo campeonato. Pouco, sim, mas o cara já tinha mais de 35 anos e carreira feita.
Adriano, por sua vez, já fugiu da Itália duas vezes, teve um semestre bom pelo Flamengo, uma única temporada que prestasse na Inter, se apresentou com mais de 100kg para uma Copa onde poderia ser protagonista, perdeu outra por não acordar para um treino e ninguém sabe o que será do seu futuro.
Parece exagero descrever o Adriano assim, concordo. E parece despeito com quem ajudou MUITO a conquistar o título de 2009. Em forma, é um atacante letal, como poucos do mundo. Mas esse “em forma” é o “x” da questão. Além disso, jogar como jogou em 2009 é obrigação para um atleta de alto nível como ele (e Ronaldinho Gaúcho). Estar em forma, como naquele ano, é obrigação para um jogador de ponta como ele (e Ronaldinho Gaúcho). Claro que ele pode atuar mal um jogo ou dois, mas precisa sim estar pronto e ser referência.
Zico, que foi o Zico, nunca esteve forma de forma ou sem dormir. Por que o Adriano pode? E quem disse que a imprensa não pode noticiar isso?
Pode, e deve! Como consumidor do Flamengo, dos produtos, jogos, PPV e qualquer coisa a mais, eu posso exigir que o jogador esteja em condições de jogo condizentes com seu nível. Ou não posso? Tenho que aceitar que ele fique de sacanagem e ainda brigo com jornalista que noticía? Não, meu amigo.
Desde que o mundo é mundo, jogador que corresponde profissionalmente não é perturbado quando sai na noite. E todos saem. Neymar viaja, passa o Carnaval inteiro pulando, pega todas e no dia seguinte está lá treinando e no jogo metendo gols e desequilibrando. “Ah, ele é novo”, dizem. Cristiano Ronaldo tem 27 anos, sai absolutamente toda noite, faz as mesmas farras, mas tá lá metendo gol em todo jogo e comendo a bola. Romário fez isso toda a sua vida. Sabe o papo de RES-PON-SA-BI-LI-DA-DE? Eles têm. Eles sabem o que representam e não inventam lâmpadas no jardim.
Mas, e se o jogador não cumpre suas obrigações? Vamos fazer diferente e imaginar que a imprensa não cubra nada além do dia a dia do time.
Um jogador hipotético, sem nenhuma relação com a realidade que vamos chamar de Adrianozinho Gaúcho, é o maior salário do time. Merecidamente pelo seu talento e passado vitorioso. Ao chegar ao clube, ele treina pouco, aparece menos ainda nos jogos, se machuca com facilidade, perde gols fáceis, não dá entrevistas, não concentra, falta e etc, etc, etc.
Você, torcedor apaixonado que só se importa com o dia a dia, não tá nem aí, certo? Afinal de contas, o que ele faz fora do clube não importa, mesmo que isso interfira diretamente com o que (não) faz dentro. E daí que ele bebeu pra cacete e foi dormir às cinco da manhã quando tinha jogo de tarde? O que importa é o que faz em campo, certo? E se ele foi jogar/treinar, mesmo que porcamente, tá tudo bem.
Se você não se importa, ok. Mas pode parar com a vaia. Ao não cobrar o cara e sua conduta, você está apoiando isso tudo. E o que você chama de fofoca, é na verdade a explicação para as faltas, treinos ruins, jogos piores e tudo mais. Mas como é no seu time, não pode. É perseguição da imprensa. No outro time é "se ferrou, haha, não faltou aviso, bando de otários".
Então, que tal parar de desviar o foco do problema e concentrar no que é importante? O Fred, da Fluminense, calou a imprensa que divulgava suas noitadas com um título brasileiro. É simples assim. Se o cara joga, não há notícia extra. Se não joga, há notícia. Nunca teve nem nunca haverá outro modelo. E culpar a imprensa é tirar o sofá da sala, típica atitude de torcedor mimimi.

Flamengo Net

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