sexta-feira, 27 de maio de 2011

Um domingo diferente

*Por Sergio Atallah, dono do Largado em Guarapari

Já estava morando em Guarapari há dois anos.

Mas algo me empurrava pro Rio. Uma vozinha ordenava: - Vá ao Maracanã.

Precisávamos vencer por dois gols de diferença contra o time dos Juninhos (Paulista e Pernambucano) e do Joel, o rei do Rio, o papa-títulos estaduais.

O Flamengo conturbado, notícias de desunião, brigas, uma enorme vantagem para eles, mordidos por serem bi-vices.

Parei e pensei: Porra eles vão enfrentar é o Flamengo. E vão se borrar ao ver o Manto e a Nação fungando em seus cangotes.

Saí daqui na sexta à tarde, cheguei quase meia noite, pra alegria dos meus pais.
Passei um sábado nervoso, ansiedade danada, bebendo todas, torcendo pra hora passar rápido. Combinei com meus amigos e marcamos pra sair as 11 horas. Putz, almocei as 10 h. Só mãe mesmo pra fazer essas coisas pela gente.

E não saí cedo demais. O jogo, por causa de um racionamento que se mostrou inútilo, pois acenderam os refletores de qualquer jeito, começaria as 3 h. E 11 horas, fomos nós.

Confesso que não lembro das conversas no carro, mas, lembro como se fosse hoje, que, ao ver a animação da Nação, me senti privilegiado em ter apostado e ido ao jogo. O otimismo me contagiou.

Quando o jogo começou, era um nervoso intenso, logo aplacado pelo gol do Edílson. Mas, quando estávamos perto do segundo, eles empataram. Foi como se ganhasse uma porrada nos cornos.

Veio o segundo tempo. E Pet botou a bola na cabeça do Edílson: 2 x 1. E o Vasco, que já estava encolhido, recuou mais ainda. E começou o massacre. Mas nada de a bola entrar.

Até que veio o lance capital. Edílson protegeu a bola e lançou, mas Fabiano Eller o derrubou e o juiz, em cima do lance, marcou a falta. Quando vi o Pet pegando pra bater, reclamei, pois dali era pro Beto. Mas aqueles milhares de mãos abençoando, corroando a cabeça do Pet, fazendo coro com milhões de outras mãos pelo Brasil e pelo mundo, deu uma esperança monumental de que poderia sair o gol.

Eu não sabia se olhava o lance ou abaixava a cabeça como fez meu amigo: - Não quero nem ver.

Mas, com a esperança de todo bom Rubro-Negro, ousei dizer: - Porra, vir ao Maraca e perder o gol do título é coisa de babaca. E ele acreditou e levantou a cabeça.

Não sei quantos segundos a bola viajou, mas, pelo menos pra mim, pareceu uma eternidade. E juro, eu vi o goleiro deles tirar a bola e não entendi a gritaria. Até que acordei. Parecia mesmo um sonho. Não vi a reação dos jogadores do Vasco,m mas via a loucura dos nossos. O êxtase da nossa torcida. Meu coração disparado. Não conseguia concatenar os pensamentos. Não sabia se gritava, se chorava, se ficava quieto curtindo a torcida, que também não sabia muito o que fazia. Cada um gritava alguma coisa.

O certo é que, o jogo acabou ali, aos 43 minutos. E tínhamos mais um tri e eles também. Mas o deles ninguém quer.

Obrigado, Pet. Confesso que no domingo anterior fui um dos que o xingou. Mas perdoe a nós, torcedores. Somos passionais. Mas seu nome entrou para a história de uma Nação, bem como nos corações de todos.

Flamengo Net

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