terça-feira, 19 de abril de 2011

O deficitário Estadual 2011
Por Vinicius Paiva

Seguem estatísticas de público e renda do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro-2011 até o presente momento, seguido por algumas colocações seu a respeito:





Fonte: http://www.fferj.com.br/Sitenovo/2008/Campeonatos2011/Carioca/Scoutcarioca.asp , e atualizações do colunista. Os dados referentes aos clubes pequenos foram atualizados até a penúltima rodada da Taça Rio.

Conclusões

1) Até o encerramento da fase de grupos da Taça Rio, ratifica-se a máxima do Flamengo como “trem-pagador do futebol carioca”. O clube teve arrecadação e média de público duas vezes superiores aos segundos colocados, além do maior ticket médio do torneio. No entanto, muito desta liderança se deve à estréia de Ronaldinho (numa partida com lotação máxima diante do Nova Iguaçu, no Engenhão), somada à final da Taça Guanabara – já que o Flamengo é o único dos grandes a ter jogado uma decisão. Não fossem estes elementos, suas médias de público e renda seriam absolutamente comparáveis às de Fluminense, Vasco e Botafogo. Ou seja, teríamos números sofríveis.

2) A média de público do Estadual - na casa dos 2 mil pagantes por jogo - é miserável e requer providências urgentes. Desde que foi abolido o esquema de troca de notas fiscais por ingressos, as médias despencaram. O bom desempenho dos clubes cariocas em torneios nacionais, nos últimos anos, contribui para um esvaziamento do Estadual – enxergado como “torneio menor”. Tudo isto torna injustificável um ticket médio na casa dos R$ 25 (no caso dos 4 grandes). Esta é a mesmo média de preços cobrados no Brasileirão, Libertadores e outros torneios bem mais importantes e chamativos. O Arbitral realizado pela Federação de Futebol do Rio de Janeiro – antes do início do campeonato – é absolutamente insensível ao desconsiderar a baixa demanda e a menor propensão dos torcedores a frequentarem estádios contra equipes de pequeno porte. Não é tolerável que partidas como Flamengo x Madureira sejam jogadas com setores a R$ 40, conforme verificado nos últimos dois anos. Não por acaso, período do mais absoluto fiasco de público.

3) Ainda neste sentido, há algumas semanas foi publicado excelente estudo de Lucas Camargo no blog Olhar Crônico Esportivo: http://glo.bo/gm91ub. As conclusões – de que uma redução no número de clubes seria um benefício ao campeonato, elevando suas médias de público e sua atratividade – são irrefutáveis. Principalmente em tempos de Maracanã fechado, o que faz desabar a média de frequentadores ao estádio. Até porque, é líquido e cristalino que o Engenhão não caiu nas graças do torcedor do Rio de Janeiro. A verdade é que um torneio que nos últimos anos se sustentou pelo status de “mais charmoso do Brasil” joga pelo ralo sua imagem ao vender Brasil afora tantas partidas com estádios às moscas.

4) Apesar de todos os (muitos) defeitos do Carioca, resta claro que seu período deficitário terminou domingo. A partir de agora, a possibilidade de casa cheia em todos os jogos leva a expectativa de arrecadação a mais de R$ 1 milhão/jogo. Sendo assim, se vencer a Taça Rio e eliminar a necessidade de mais dois jogos, a arrecadação do Flamengo deve facilmente superar os R$ 6 milhões. Caso a Taça Rio tenha outro dono, as duas últimas e decisivas partidas devem levar a arrecadação dos jogos do rubro negro à casa dos R$ 9 milhões.

5) Uma pena que, se o período de vacas magras do Estadual se acabou, o mesmo não se pode dizer da Copa do Brasil. Dificilmente a partida de amanhã, contra o Horizonte-CE no Engenhão, supere os 10 mil pagantes.


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Segundo o Lancenet, o Flamengo receberá R$ 420 milhões por 4 anos da Globo (R$ 105 milhões/ano, em média), mas com um imediato adiantamento de R$ 44 milhões: http://bit.ly/dJFBw2. Ouso dizer que o Flamengo nunca viu tanto dinheiro de uma só vez em toda a sua história. Basta lembrar que até os idos de 2007, as receitas do clube eram inferiores a R$ 100 milhões. Este adiantamento representa cerca de 50% das receitas ANUAIS de poucos anos atrás.

Torno aqui a fazer um pedido à nossa digníssima presidente Patrícia Amorim: parcimônia, Patrícia. Não jogue este dinheiro fora com loucuras, contratações de impacto e coisas do gênero. Estes recursos não pertencem a você, pertencem a todos nós. Com R$ 14 milhões você certamente finalizaria um dos melhores Centros de Treinamento do Brasil, e ainda restariam vultosos R$ 30 milhões para pagamento de dívidas de curto prazo. Assim, nossas receitas deixariam de ser penhoradas, liberando recursos de patrocínio que estão por vir. E o clube veria sua dívida reduzida em 10%. Definitivamente, seria digno de uma estátua na Gávea...


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