quarta-feira, 2 de março de 2011

EU NUNCA VOU PARAR DE RIR DO SPORT

* Por Walter Monteiro, Embaixador da Nação Rubro-Negra no RS e diretor da Fla Manguaça

Tenho um amigo que vive repetindo que as pessoas verdadeiramente sem noção tendem a ser felizes, porque não conseguem enxergar a dimensão do ridículo público a que se expõem ao não conseguirem visualizar os limites do bom senso. Se ele tem razão, devo concluir que os dirigentes do Sport estão exultando de felicidade por conta da “vitória” que imaginam ter conseguido ao “obrigarem” a CBF a “cancelar” o reconhecimento do título do Flamengo.

Nem sei ao certo como a notícia se espalhou, mas de uma hora para outra toda a imprensa esportiva saiu correndo para espalhar a informação que o Sport conseguiu uma “liminar” que “suspendia” os efeitos da Portaria da CBF sobre o título de 1987. Uma notícia muito estranha, diga-se de passagem, pois ninguém transcrevia a decisão, como é praxe nesses casos.

Fiz o que os repórteres poderiam e deveriam ter feito: entrei no site da Justiça Federal de Pernambuco e achei o processo nº 003843-40-2011.4.05.8300, movido pelo Sport contra a CBF, contra o Ricardo Teixeira e, pasmem, contra a União Federal (!!!).

Estou rindo até agora do papelão do Sport: a tal ação nada mais é do que uma “Medida Cautelar de Interpelação Judicial”. Prometo que não vou chatear ninguém com juridiquês, mas se alguém tiver curiosidade, pode olhar o art. 867 do Código de Processo Civ Il e descobrir que isso é um procedimento judicial assegurado a quem quiser manifestar sua intenção de modo formal. É algo tão banal que sequer permite defesa e, evidentemente, não implica em nenhuma decisão judicial.

Vou explicar de um jeito mais simples, para ver se os bravos dirigentes do Sport entendem.

Digamos que você quer contar a sua opinião sobre algo para uma pessoa e resolve fazê-lo pessoalmente. Você pode ir à casa dessa pessoa vestido de bermudas e chinelo e dar a notícia. Mas se você achar que a sua aparência pode dar a impressão de que o que você tem para dizer não é tão sério, você pode ir de calça jeans e camisa social. Agora, se você realmente acredita que a roupa que você veste influencia o modo como a pessoa vai lhe dar atenção, é melhor ir de paletó e gravata.

Você pode resolver dar essa opinião por escrito e aí você também tem três opções: ou você deixa uma carta na portaria da pessoa (que é o equivalente da bermuda/chinelo), manda a carta através de um cartório de títulos e documentos (ou seja, calça jeans e camisa social) ou pede que um juiz mande entregar essa carta para você, que é essa tal "Medida Cautelar de Interpelação" da qual o Sport tanto se vangloria.

Só uma coisa não muda, esteja você pessoalmente de chinelos ou bermudas ou pomposamente encartado em um processo cautelar de interpelação: A ÚNICA COISA QUE VOCÊ FEZ FOI DAR A SUA OPINIÃO, NADA ALÉM DISSO!


É impressionante que toda a imprensa esportiva brasileira tenha sido enganada por um procedimento rasteiro e rudimentar do Sport, idealizado somente para criar espuma. Não tem mais “checador” nas redações? Alguém manda um press release e todo mundo dá credibilidade absoluta? O Sport inventa uma açãozinha chinfrim, a Justiça de Pernambuco lhe serve de estafeta para entregar a mensagem e fica todo mundo assanhado?

Bom, se o Sport está vibrando e comemorando o fato de sua cartinha ter sido publicada no jornal e achando que isso encerra o assunto, que sejam felizes em sua ignorância. Eu, de minha parte, nunca vou parar de rir da sua reconhecida pequenez.

* O Arthur Muhlemberg achou essa preciosidade no site da justiça pernambucana. Vale a leitura.


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