quinta-feira, 6 de maio de 2010

TODA BURRICE SERÁ CASTIGADA

Caderninho do Simões Lopes (edição extraordinária)

Se existe algo que é fatal em qualquer competição é a burrice. Num campeonato onde os gols fora de casa fazem a diferença (daí a vantagem de se decidir fora de casa, principalmente contra adversários parelhos), repetir a mesma formação medíocre e medonha de três volantes sem que haja um quarto elemento que faça a condução de bola com qualidade é um erro já recorrente. Entra técnico e sai técnico, e segue esta fanática veneração por um sistema supostamente defensivo que, pelo menos no Mengão Cósmico (MUHLENBERG, Arthur, 2009), jamais dá certo, a não ser em esporádicas circunstâncias emergenciais. O próprio Andrade acabou vítima deste erro, justo ele que colocou o Flamengo na briga pelo Hexacampeonato justamente quando vislumbrou a formação com um meia de armação digno da camisa 10 (embora usasse a 43).

A escolha do Vinicius Pacheco “para puxar os contrataques” até não seria uma má idéia se o time tivesse alguém capaz de acertar passes para justamente alimentar esta válvula de escape. Presos às investidas do Leo Moura entre quatro marcadores, e aos chutões para frente na esperança de chegar ao Império do Amor, a atuação foi pífia no primeiro tempo, acrescida do grande esforço que a defesa fez para consagrar o obeso centroavante “fenomenal”. É inadmissível que o Ronaldo tenha ficado tantas vezes sozinho dentro da pequena área, enquanto seu suposto marcador ficava com olhos para o alto, preocupado apenas com a bola. Será que o Rogério, ex-zagueiro, não poderia dar uma dica aos nossos defensores, algo do tipo “não marca a bola, marca o jogador, cacildis” (MANGUEIRA, Mestre Mumu da, 1978).

O Kleberson, cujas atuações vinham sendo horríveis este ano, e cuja convocação pelo Dunga só pode se dever algum motivo transcendental e parapsicológico que foge às minhas humildes percepções mundana, entrou bem, e pelo menos conseguiu um mínimo de acertos suficientes para nos dar o tão necessário golzinho fora de casa. Que esta classificação suada e até certo ponto heróica não sirva para ocultar os erros e virar mais um oba-oba. Um time não tem o direito de desperdiçar tantos contrataques numa partida decisiva. Quando pegarmos adversários mais fortes que o Corinthians, precisaremos de mais afinco, porque o alvinegro sem passaporte do sanatório (isto é, turma de loucos) não era esta maravilha toda que a Imprensa Paulista apregoava a todo tempo. Também me preocupa a falta de um planejamento adequado para disputar duas competições. Tenho medo de brincar (PORTALUPPI, Renato, 2008) no início do Brasileiro e acabar patinando na zona de rebaixamento. É preciso mesclar com inteligência titulares e reservas. Já que estão com medo de escalar o Pet, por que não coloca-lo como o titular automático no Brasileirão?

Voltando à letra K de Kleberson, como é divertido ver o Kleber Maischato, digo, Machado com aquela voz de velório anunciando o fim do jogo. Será que o Flamengo que jogou ontem era algum genérico argentino ou uruguaio, e não um legítimo representante brasileiro? Até quando veremos esse bairrismo chato tomando conta das transmissões. Aliás, graças a isso, só assisto aos jogos do Flamengo com o “mute” da televisão acionado. O que me gerou alguns prolongados momentos de irritação, já que 90% da transmissão da Globo deve ter sigo gasta em closes nos rostos tristonhos dos corintianos. Teve até aquela cena não entendida ao final da partida do corintiano batendo no peito.

Ele não estava mostrando que estava satisfeito pela garra do time, que continuava com o timão em seu peito varonil. Estava apenas tentando expulsar o apito que tinha engolido.

Aliás, o que eles farão com os 36.000 apitos? Sugestões nos comentários...

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