quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

NOSSO MUNDO É FLAMENGO: O dia da derrota previsível e necessária

por Paulo Lima*


"Nossa, o Flamengo perdeu".

Acho uma tremenda besteira contabilizar invencibilidade. Trata-se de algo inútil e que só causa prejuízo psicológico aos jogadores. No mais, as atuações do time em 2010 não justificavam a fama de invicto. A derrota esteve para acontecer em várias ocasiões. Mas não viera.

De todo modo, a sensação de acordar no dia seguinte com a frustração da revés me soa estranha. Pouco importa se é para os chorafoguenses, numa mera semifinal de turno de Estadual (feito celebrado por eles como um Mundial de Clubes, ao fim do jogo). Mas a simples conquista de zero ponto é, para o Flamengo, uma avis rara.

O mais importante de tudo é que a derrota nos faz reemergir à realidade, e aos objetivos que são realmente relevantes para o time.

Por maior clichê que pareça, a verdade é que a eliminação veio em boa hora. Se o time estivesse jogando o fino, o lamento seria grande. Mas de nada adiantaria vencer o Botafogo com a camisa, ir para a decisão com o Vasco no domingo ainda iludido com uma formação que ainda não se acertou e, mesmo com a vitória que seria certa contra os vices, seguiríamos com o auto-engano (com o desgaste certo da final da Taça GB e com apenas 3 dias para recuperação) até a estreia do Flamengo na temporada: o début na Libertadores, quarta, 24, Universidad Católica-CHI, no Rio.

Com essa derrota, Andrade terá mais uma chance de repensar o esquema, refletir sobre os peças de que dispõe e encontrar um caminho seguro para uma estreia com vitória na América. É ou não é o que nos interessa? Há uma semana para isso. Ponto.

Um parêntese para o jogo contra o Chorafogo: o nosso técnico me pareceu apático e temeroso ao não sacar Kleberson já no intervalo (o que acontece com esse jogador alguém tem uma explicação?) No mais, Vagner Love (vai ser cobrado pela presidenta) me pareceu aquém do que sabe, embora tenha tido - e perdido - duas grandes chances de gol. Eu JAMAIS sacaria o Pacheco, grande figura do time, mesmo um pouco mais cansado no segundo tempo. Preferia até que fosse VL a ter dado lugar ao Pet.

E para quarta que vem? Vão falar de ressaca, de "juntar os cacos"... Mas vai durar um dois dias. Depois, tudo se voltará à inominável decisão da Taça Guanabara, a finalíssima, o jogo da vingança do Botafogo...Que ótimo. O que menos precisamos agora é foco jornalístico. Com trabalho quieto e simples, o Tromba tem a faca e o queijo na mão para promover uma nova revolução no time, e silenciosa, tal qual fez quando assumiu, ao reeditar o 4-4-2 que parecia perdido no tempo. Tem bons elementos e elenco para isso. Não é hora para muitas surpresas, embora eu já pensasse em lançar os reforços, pelo menos no banco.

As for me, simplesmente tiraria o Toró e iria de 3 zagueiros na Libertadores. Acho que Juan e Léo Moura merecem voltar a ser aproveitados como peças mais ofensivas (ainda que não simultaneamente). Por conta da vulnerabilidade defensiva, me parece que temem ser mais ousados no que melhor sabem fazer. Mas Andrade sabe melhor do que eu sobre as peças que tem. Mas que tem de mexer na estrutura, é fato. Como, é o X da questão.

Retomando o começo: o peso da derrota no Carioquinha serve para redimensionar o que realmente este objetivo tem para o clube. Caso se reinvente, passe tranquilo pela Católica e siga seu caminho, vou pensar que estaremos na rota da serenidade que nos consagra a Libertadores como prioridade,. A Taça Rio e o possível tetra serão considerados, claro, mas mais como um destino natural, sem sustos ou atropelos, do que propriamente um desejo a ser cobiçado.

É isso que esperamos.



*Paulo Lima é rubro-negro, jornalista e servidor público, atualmente lotado na Missão do Brasil junto às Nações Unidas, em Nova York. Paulo Lima escreve também no Mundo Flamengo (www.mundoflamengo.com) e no site oficial do Flamengo, no blog Mengão Sem Fronteiras (http://www.flamengo.com.br/site/blog/blog.php?id=7)

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