O Encouraçado Rubro-Negro
Na dialética narrativa da épica história dessa força chamada Flamengo as palavras "medo" e "força" sempre estiveram interligadas. Tal qual a burguesia, estado e o lado negro da força, o lado esquisitão bagaraio de lá, sempre tentou dominar o irrefreável e sempre temeu o dia em que não ia conseguir. Na real, "tremeu" é um vernáculo exagerado para o mais apropriado: "se cagam todas".
Sergei Eisenstein não conheceu o Flamengo, mas entedia pra cacete de cinema. Se vivo fosse, saberia direitinho explicar a relação entre o clímax e nobre desporto bretão. Nas vertentes eisenstenianas não faria sentido um campeão sem emoção. E, convenhamos, torcida que vai na final, time que joga feio e ter o goleiro como ídolo-mor é o epitáfio do que homens de bem chamavam de esporte do povo.
Não é à toa que os caras não aprenderam a ganhar e nem sabem perder: nunca choraram de alegria numa sala de cinema ou em um estádio de futebol. Na boa, não tenham raiva desse pessoal. É pra ter pena mesmo. É uma versão ad infinitum daquela parte do desgosto profundo que fala o hino. Misericórdia.
Daqui pra frente não há muito o que se reclamar do lado de cá. Aliás, talvez haja. Assim como o nobre marinheiro Vakulinchuk no crássico Encouraçado Potenkim, a gente vai botar a boca no trombone. Vamos gritar mais ainda. Vamos falar alto pra burro. A diferença entre a gente e a turma iXxXqUisItoOonaA que curte Lua Nova e os seus vampirinhos é que a gente não grita no fim, a gente não grita pra fazer #mimimi. Na tese e antítese inabaláveis desse baluarte eterno conhecido como fuderosão a gente grita o tempo todo.
É bom saírem da frente. E tapem os ouvidos para não ficarem surdos. A gente tá chegando e não vai pedir licença.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
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