Paulo Lima*
Nos idos de 85-86, me recordo, não com muitos detalhes, da minha primeira partida no Maracanã. Era um Flamengo x Goiás, e o adversário nos derrotou, de virada: 2 a 1. As informações que tinha me foram suficientes para identificar, em pesquisa no FlaEstatística.com, de qual jogo se tratava. Foi o Brasileirão de 86. Coincidentemente, há EXATOS 23 anos: Dia 22/11/86. Com o mesmo adversário. Bebeto foi o autor de nosso tento.
Não é meu objetivo ser profeta do apocalipse nem advogar suposta culpa pelo fracasso. Pelo contrário: é para exorcixarmos o fantasma, se é que ele existe. Li ter sido a última (e única) vitória dos goianos sobre nós no Maior do Mundo em Brasileiros (ok, o 3 a 3 do ano passado foi como se fosse...).
Fato é que jamais deixei de pensar em ser Flamengo por conta daquela derrota. Era minha estreia oficial como rubro-negro. Estádio com pouca gente, derrota, nada realmente a empolgar.
Muitas vezes é difícil precisar porque decidimos torcer por determinado time. Pode ser por influência de família (meu pai é rubro-negro, mas sem xiitismo - se fosse por pressão, seria tricolor por meus dois avôs), por empatia com as cores, por um ídolo.
De toda forma, deve-se dizer que a primeira impressão do torcedor ao vivo faz, muitas vezes, toda a diferença. E ela não fez para mim.
Quero dizer é que não podemos baixar a cabeça, desistir do Flamengo, do futebol e da vida se a decepção deste domingo for a mesma que tive há 23 anos. Estamos próximos do hexa como nunca tivemos desde 92. Mas, ao conjecturarmos uma possível perda do título, vamos lembrar o equilíbrio do campeonato, o início irregular na competição, os problemas estruturais que se secundarizaram mas não deixaram de existir, os poderosos rivais... O time encaixou? Sim. O técnico deu liga? Igualmente. Mas os caras não são sobrenaturais, não viraram super-heróis da noite para o dia. Estão sujeitos a erro, vaia e má atuação.
Serenidade é a palavra de ordem. Quaisquer que sejam os desdobramentos do fim de semana. Nada estará perdido seja qual for o resultado. Há vida (e campeonato) além do Goiás. Há vida além do Brasileiro-09.
Vamos em busca da superação sobre o Goiás para nos garantir na Libertadores. Isto ainda não aconteceu. O destino se encarregará de nos conduzir, ou não, ao caneco.
Assim como me fez ser rubro-negro.
* Paulo Lima, perto dos 30, mora em Eastchester (NY) e aprendeu que existe vida após a morte no dia 7 de maio de 2008. Por isto, diz-se vacinado para qualquer outra decepção tão cedo.
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