quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O inimigo mora ao lado

Não dá para discutir mais se há ou não favorecimento de arbitragem para times paulistas. Se pra muita gente o motivo é a corrupção da arbitragem, pra mim envolve uma questão bem mais fácil de se resolver: o enfraquecimento político e econômico de clubes de fora de São Paulo, especialmente os do Rio de Janeiro. Qualquer mudança do cenário de títulos nacionais, amplamente dominado pela capital paulista, passa por mudar isso.

Hoje, os clubes grandes de São Paulo juntos têm os maiores patrocínios, as maiores cotas e as maiores torcidas. Se não houver um movimento desde já para mudar isso a tendência é que a situação piore e esse fosse aumente ainda mais.

A situação não depende apenas da reorganização dos times do Rio até porque não é apenas infra-estrutura que explica essa diferença regional. São Paulo é a principal cidade brasileira, onde boa parte dos negócios são feitos e tem uma densidade populacional inacreditável. Qualquer time já começa atrás na disputa. Se não trabalharmos para diminuir essa diferença, pior.

Para mim, o caminho passa por mudar a relação com os times paulistas. Boa parte dos dirigentes do Flamengo age quase como se quisesse disputar o campeonato paulista. No ano passado, Kléber Leite se referia ao Corinthians como "um clube co-irmão". O clube que já havia pego Liédson na calada da noite, iniciou nosso ano ruim participando da traição fenomenal e, aparentemente, é o destino de Bruno Paulo.

O Flamengo tem boa relação com o Cruzeiro enquanto Grêmio e Internacional (que vão se tornando mais rivais dos paulistas do que os times do Rio) também são prejudicados pelos times paulistas. A próxima gestão pode trabalhar para fortalecer a relação em um bloco envolvendo os Flamengo, Botafogo e Vasco (não acredito em alianças com o Flu de Horcades que elege o presidente do Bangu pra federação carioca), os dois grandes de Minas Gerais e os dois times do Rio Grande do Sul. Ainda é possível em um segundo momento trabalhar para fortalecer clubes pequenos como o América, América-MG e o Juventude. Tudo para impedir a paulistização do Brasileiro.

Nosso clube pode ser o fiel da balança e precisa parar de acreditar que os times paulistas vão nos tratar como iguais algum dia. Por mais que briguem entre si, eles sabem a hora de se unir. Passou da hora de aprendermos também. O Flamengo, grande como só ele, pode ser o líder que mude essa tediosa tendência. Ou pode ficar parado esperando que roubem as migalhas que prometem.

Flamengo Net

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