obs: já que estou caminhando a passos largos para minha aposentadoria como torcedor, e havia prometido não escrever mais meu "caderninho", decidir rever algumas antigas postagens minhas, falando de fantasmas que infelizmente continuam insistindo em nos assombrar. O texto abaixo foi escrito em 7 de Março de 2008, e vejam como continua atual:
SOBRE “DERROTINHAS ASSIMILÁVEIS”
Nos últimos trinta e nove jogos que disputou fora de casa, o Flamengo só venceu dez deles, praticamente todos no Brasileiro contra adversários fracos ou em crise, e alguns outros inexpressivos no Estadual e Libertadores. Dos nossos vinte e nove jogos sem vencer, tivemos o desprazer de assistir:
0x3 Santa Cruz
0x3 Santos
1x3 Palmeiras
0x3 Ponte Preta
0x3 Grêmio
0x3 Defensor
0x4 Figueirense
0x3 Santos
0x3 Internacional
1x3 Cruzeiro
Infelizmente eu não consigo assimilar goleadas. Eu não estou querendo criticar outros blogueiros nem ofender ninguém, que fique bem claro. Cada um tem o direito de expressar sua opinião, e absorver a derrota a seu próprio jeito. Mas, por deficiência minha, eu simplesmente jamais conseguirei assimilar derrotas acachapantes e partidas bisonhas. Eu não consigo assimilar como um time que cada vez tem mais volantes e menos toque de bola, pode ser tão facilmente goleável. Quando a mentalidade defensiva não mandava no futebol, nós não apanhávamos tanto, mesmo jogando com apenas um volante.
O medo de perder tira a vontade de ganhar.
Todos aqueles de boa memória irão se lembrar que em todas essas derrotas, o Flamengo sempre atuou com a mesma filosofia: um time recheado de volantes jogando apenas para garantir um empate, esperando que um golpe de sorte nos trouxesse a vitória. E todas as vezes, fomos incapazes de ameaçar o adversário, que muitas vezes, mesmo sem se esforçar ou jogar bem, chegou à goleada com facilidade.
Um time grande deve ser temido, coisa que o Flamengo não é, quando joga fora do Maracanã. Aqui, a pressão da torcida (que mantém em seu ânimo a lembrança de que somos grandes demais) contrabalança a “retranquice” dos técnicos e faz com que o time cresça. Quando não temos TORCIDA para fazer isso, o time volta a se comportar como um timinho, retranqueiro, medíocre, contente em segurar um simples empatezinho.
Temos um elenco melhor que o do ano passado, mas nos faltam peças para uma formação ofensiva que ameace adversários mais fortes. Não temos um meia armador com habilidade e visão de jogo (poderia ser o Diego Tardelli, mas este é sempre sacado no meio da partida); não temos um goleador implacável; não temos um companheiro de ataque veloz e driblador (poderia ser o Max, mas não há lugar para ele num time que tem acomodar espaço para quatro cabeças-de-área ao mesmo tempo); não temos sequer um cobrador de faltas. Somos deficientes no cruzamento, no chute, no passe.
Eu não assimilei mais esta derrota, e acho que estamos na beira do precipício na Libertadores. Ou ganhamos o Cienciano lá, ou teremos que depender de uma combinação pouco provável para passarmos adiante.
O que dirigentes e técnico ainda não entenderam é que Estadual, Brasileiro e Libertadores são campeonatos de características bem distintas. Em um Brasileiro prolongado com mais de trinta jogos, basta que vençamos quase todos os jogos em casa para ficarmos bem colocados, principalmente quando o resultado é apenas a luta por uma das cinco vagas de Libertadores (para almejar o título, temos que vencer fora com freqüência). No Estadual, precisamos apenas vencer um monte de moscas mortas e torcer para que o peso da torcida e o medo do rivais nos favoreçam em clássicos decisivos.
Na Libertadores, o time tem que ser forte e agressivo o bastante para buscar os resultados importantes fora de casa. De nada adianta vencermos todo mundo a duras penas no Maracanã, se a cada vez que sairmos do país tomarmos uma tunda. Até porque numa fase de mata-mata, não temos ataque para reverter uma derrota de 2 ou mais gols (vide o ano passado).
Sei que muitos não vão concordar comigo, vão me chamar de “pessimista” ou algo pior, mas fica aqui um protesto de alguém que não consegue habituar a derrotas.
"Podia ter sido pior", diz Joel
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