sábado, 8 de agosto de 2009

Nosso Mundo é Flamengo - O que nos resta


por Max Amaral*


Quando eu estava na faculdade, nos distantes anos ’80 (lembra deles? O Flamengo era um time grande, na época), eu tinha um colega que não queria nada com a dureza. Era comum ele chegar na escola em uma terça feira, já no final da aulas e anunciar que não daria as caras de novo naquela semana. E usava uma lógica irrefutável:
- Hoje é terça-feira, a semana já está mesmo praticamente perdida, vou tirar uns dias de folga. Na segunda feira eu volto.
Eu me lembrei dessa história depois do jogo contra o Goiás.
Acho que devemos encarar que nossa participação no Brasileirão 2009 já está praticamente encerrada e está na hora de começarmos a pensar no ano que vem. Vamos mandar o time a campo tentando evitar grandes vexames, vamos fazer um esforço para não irmos para a zona de rebaixamento, mas o nosso lugar na tabela vai ser esse aí mesmo – 10a, 11a colocação.
Sem falsas expectativas, sem stress, usaríamos o restante do ano como uma gigantesca pré-temporada, testando e dando experiência para as jovens pratas da casa, tentando acertar uma ou outra contratação pontual e, principalmente, nos livrando de tudo o que tem atrapalhado o time nos últimos anos – de jogadores que se acham muito maiores do que são a dirigentes incompetentes que conseguiram apequenar o Flamengo.
O início do ano que vem, com o Campeonato Carioca, faríamos a sintonia fina do time. Já com nova direção e novo técnico, seria a preparação final do elenco e esquema táticos necessários para entrarmos no Brasileirão 2010 com um time de verdade, que honrasse a Camisa, e que nos desse uma esperança real de que poderíamos esperar algo dele.

Eu sei que esse meu tom apocalíptico e corneteiro vai receber muitas críticas, e sou o primeiro a não gostar dessa linha de raciocínio. Eu costumo ser um otimista. Sempre acho que o copo está meio cheio, e que o Mengão ainda vai se acertar e começar uma arrancada fenomenal que, aliada com tropeços impossíveis dos adversários, vai acabar nos dando o tão sonhado título que perseguimos há 17 anos.
A verdade é que podemos até golear o Curíntia nesse domingo. Podemos até mesmo enfileirar três boas vitórias em seguida. Mas aí, com o Maracanã cheio, a torcida de novo cheia de expectativas, um grande clima de “agora vai”, vamos de novo perder ou empatar com um dos últimos colocados do campeonato, e o ciclo recomeça. Estamos para perder Emerson, o jogador que mais perto do verdadeiro espírito rubro-negro apareceu na Gávea nos últimos anos, e não tenho nenhuma ilusão de que vamos conseguir contratar alguém que verdadeiramente faça a diferença no curto prazo. Voltaram a aparecer notícias de salários atrasados e a briga de foice pelas eleições está cada vez mais violenta.
Em resumo, cansei. Cansei de ser “mulher de malandro”, sendo decepcionado a cada novo jogo e ainda tendo que tentar achar os aspectos positivos que mantenham a tênue chama da esperança acesa.
Não vejo comprometimento em alguns jogadores que ocupam posição de destaque no time. Não vejo seriedade ou competência em dirigentes, novos ou antigos. Não vejo nenhuma tentativa de mudança na estrutura arcaica que emperra o funcionamento do Clube. Não vejo espírito de vitória. E, se estou interpretando certo as vaias com que a torcida brinda o time com meros 15 minutos de jogo – qualquer jogo – dá para compreender que não estou cansado sozinho.
Meu amor pelo Flamengo não é menor ou maior após uma vitória ou uma derrota, ou após 17 anos na fila.
Eu só acho que é melhor darmos as atividades por encerradas e voltarmos no ano que vem.
Aí sim, renovados, vamos poder sonhar de novo que estamos indo rumo ao Hexa.


* Max Amaral é arquiteto e mora em Denver, CO (EUA) com a esposa que não aguenta mais ouvir reclamações sobre o Flamengo. Escreve também no blog Mundo Flamengo (www.mundoflamengo.com).

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