sábado, 27 de junho de 2009

Nosso Mundo é Flamengo - O meu cantinho

Por Thiago Gonçalves, de Braga (Portugal)*

Quando uma pessoa muda de país passa a dar valor às coisas mais simples que tinha na sua terra, mas que agora são só lembranças. Isso acontece com muitas coisas, desde o simples calor ao longo de todo o ano, à simpatia natural do povo, aos familiares... Para além disso tudo eu senti bastante falta do meu Flamengo.
Sou carioca e desde pequeno era levado pelo meu pai ao Maracanã. Fui criado num condomínio em frente à estação de trem da Mangueira e mais tarde mudei-me para um apartamento na rua da Universidade Veiga de Almeida. Para quem não conhece a zona, entre a antiga moradia e a nova existe o Maracanã, ou seja, tanto antes como depois eu estava há uns dez minutos a pé do estádio.
Mudo de país e fico há mais de 7500km, nove horas de avião e a lembrança do Maracanã, da torcida do Flamengo passam a ser mesmo isso: lembranças. Para suplantar essa saudade, decidi criar o que hoje eu chamo de meu cantinho. Não pensem que é nada demais, mas é apenas a maneira como eu coloquei (decorar é coisa de tricolor) o meu quarto de modo a que se tornasse mais pessoal.
No centro da parede tenho o meu grande orgulho: a bandeira do Flamengo emoldurada como um quadro. Ao seu lado, um cachecol comprado aqui em Portugal que assim que vi à venda tive uma alegria tão grande que nem consigo explicar e comprei na hora. Junto a esse cachecol está uma faixa-toalha que meus pais trouxeram da Fla-Boutique há dois anos quando foram ao Rio.
Do outro lado da bandeira está uma prateleira onde coloco pequenas coisas como minha velhinha carteirinha de sócio de 1996, fitas VHS, o livro do Zico e o livro do Blog (nem vocês deviam saber que um exemplar está do lado de cá do Atlântico), porta-cds, chaveiros, copo, ou seja, qualquer pequeno adereço do Flamengo vai para a prateleira.
Na cama faz falta um jogo de cama oficial que há à venda na Fla-Boutique, mas como temos que ser criativos, comprei um edredom rubro-negro que encaixa na perfeição com o resto do quarto.
No armário, numa gaveta destinada para isso, encontram-se os Mantos. O que eu tenho mais carinho foi um que foi oferecido ao meu pai pelo Galinho nos anos 70 e só tenho pena que o autógrafo tenha saído com o tempo, mas ele há de dar outro. Na verdade a camisa não foi oferecida ao meu pai, mas sim a uma tia dele que encontrou com o Zico numa festa e o Galinho ofereceu-a a camisa. Como ela não ligava ao futebol e o marido é tricolor, o felizardo com o presente foi o meu pai, o sobrinho recém-chegado de Portugal que já tinha se apaixonado pelo Flamengo.
Esse meu cantinho é uma coisa simples, mas vocês não imaginam o orgulho que é quando chega um amigo no meu quarto e comenta: “Pah, tu és mesmo doente pelo Flamengo”. Costumo responder que Flamenguista não é doente, doentes são os outros por não terem noção do que é o Flamengo.
Mas essa minha “doença” já fez com que um amigo assistisse, via Justin, à final do Carioca e torcesse para o Flamengo admirado com a imagem da torcida. Eu só soube no dia seguinte quando ele me veio parabenizar pelo Tri e quando disse: “Os adeptos do Flamengo são demais... Quem dera que aqui vivêssemos o futebol assim...” Meus amigos, eu quase chorei de emoção, me arrepiei todo. Um orgulho danado. E o detalhe: esse meu amigo tem desde pequeno uma camisa do Botafogo que um tio ou primo deu-lhe de presente quando foi ao Brasil. Coitado... mas já lhe prometi que quando for ao Brasil, trago-lhe uma camisa como deve ser.

*Thiago Gonçalves, 25 anos, residente em Braga (Portugal), é formado em Engª da Computação Gráfica e Multimédia, e escreve também no Mundo Flamengo (www.mundoflamengo.com)

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