segunda-feira, 2 de março de 2009

COLUNA DE SEGUNDA-FEIRA - Herminio Correa

Feridas abertas

Olá pessoal, Saudações Rubro Negras!

Um clube com a grandeza do Flamengo não deve mesmo sair imune ao que ocorreu contra o Resende. Pesa não apenas o prejuízo dentro de campo, de uma desclassificação que atrasa as pretensões de mais um tricampeonato estadual, mas principalmente a evidência do quanto à desorganização administrativa impede que o clube possa levar para dentro de campo apenas sua vontade de ser campeão.

O que se viu na semifinal foi o resultado do caos instalado na Gávea. Foi apenas conseqüência da falta de foco, da falta de concentração. Lógico que há variáveis técnicas a serem analisadas, é evidente que há problemas táticos, de fraco desempenho de alguns jogadores, mas como mensurar tudo isso quando o assunto antes, durante e depois dos jogos é o atraso dos salários, ou a crise administrativa, ou ainda as negociações mal sucedidas de assinatura de contrato com o patrocinador?

O que ocorreu dentro das quatro linhas já é passado, acabou. Erros do juiz, o time mal armado, jogadores fora de forma ou não jogando rigorosamente nada, uma tarde infeliz, tudo isso é inerente ao futebol. O que ocorreu na partida contra o Resende já ocorreu antes e vai ocorrer algumas outras tantas vezes.

O que não pode acontecer é desperdiçar a oportunidade e não observar as lições que essa situação possa trazer ao clube. Não adianta perder ontem para o Resende e esperar o próximo tropeço de forma passiva. É preciso entender a dimensão, a parcela de cada um dos responsáveis pelo futebol do Flamengo nessa vergonha e a partir disso buscar as soluções cabíveis.

Sei que isso não é novidade para qualquer dos torcedores do Flamengo, mas o que o clube precisa é de um “ponto de consenso”. Nesse momento, por mais antidemocrático que pareça, o que mais tem feito mal ao Flamengo é ter “situação” e “oposição”, essencialmente porque ambas lutam apenas por seus interesses próprios, são essas correntes as primeiras a se mostrarem pouco preocupadas de fato com o futuro do Flamengo. Enquanto o clube permanecer à mercê desse nível de disputa, difícil crer na reestruturação administrativa.

Resumindo o Flamengo atual em poucas palavras: O time líder do NBB quase não disputa o campeonato por falta de salários; A ginástica olímpica foi dada como “morta” e só ganhou vida por conta de acordos posteriores. O time de futebol vive com seus salários “astronômicos” atrasados e não consegue traduzir em conquistas o investimento feito. Os funcionários, melhor nem comentar....

Isso é caos. O Flamengo precisa de união, urgente.

Parece fácil eu ou qualquer outro vir e simplesmente expor os problemas, as feridas. O Flamengo precisa mais do que analistas, mas pessoas dispostas a soluções. Mas enquanto imperar interesses e objetivos próprios acima do interesse comum do clube, a sensação continuará a ser de incapacidade e impotência.

Dentro de campo alguns paradigmas começam a ruir. Com um esquema que já perdura há mais de três anos totalmente evidente para qualquer adversário, algumas mudanças estão surgindo. E aqui entra a importância do atual treinador do Mengão, o cara sabe montar times mesmo não tendo as melhores opções para tal. Faço coro àqueles que apostam na manutenção do técnico e repito: o problema crônico do Flamengo nesse momento está fora de campo, na interferência negativa que os desmandos administrativos vêm trazendo ao elenco.

Quarta começa a mais importante competição em nosso primeiro semestre. Pelo que vi até o momento pelo desempenho do time no campeonato carioca, título é um sonho distante. Espero que a pancada sofrida tenha servido de lição para quem pretende conquistar algo. Mais do que nunca o futebol de uma forma geral tem cobrado maior profissionalismo como requisito básico para o sucesso.

Se a receita fosse apenas se arrumar dentro de campo e jogar mais bola já seria um grande desafio, mas quem sabe alcançável. O problema é não saber qual a próxima bomba extra campo a estourar.

Enquanto a Gávea permanecer um campo minado político-administrativo, a final da Taça Guanabara (e de tantas outras taças) continuará a ser um mero programa de TV para as tardes de domingo.


Até segunda e saudações rubro negras, sempre!

P.s.: Peço desculpas aos amigos por não "comparecer à casa" na última segunda feira. Estava em viagem e por motivo de força maior impossibilitado de escrever a coluna. Espero que não ocorra novamente.

Flamengo Net

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