Assistindo à ótima entrevista do João Henrique Areias ao Arthur Muhlenberg, na FLATV, minha cabeça se abriu para uma realidade que a paixão acaba encobrindo. Esta lá a declaração do absurdo, em termos de marketing, que o clube cometeu contra três parceiros comerciais: a Nestlé, a Nike e a Petrobrás. Apesar da minha formação em marketing, minha paixão rubronegra me fez cego a uma constatação óbvia: não se pode tratar parceiros comerciais como inimigos. Você reduz cada vez mais suas opções, porque todas as alternativas ficam ressabiadas e passam a duvidar da seriedade do Flamengo como parceiro. Isso está rodando no ótimo “Nas Garras do Urubu” já faz uma semana. E, no entanto, o Flamengo elegeu mais um inimigo público: o COB, seu presidente Nuzmann e o governo e a alocação “equivocada” das verbas para bancar a formação de atletas olímpicos. E tome agressividade, destempero e ameaças. Ainda sobrou para os atletas, principalmente a Jade, acusados de denegrir a imagem do Flamengo na imprensa.
Parecemos o Hamas, tentando ganhar a luta contra Israel. Tome foguete, bombas e atentados suicidas. E ainda, quando o Fatah tenta o diálogo, eles, do próprio Hamas, vão lá e atiram nos militantes palestinos que tentam o diálogo, como inimigos do povo palestino, traidores “vendidos” a Israel. Qual é o resultado dessa coisa? Israel vai e usa sua potência militar e esmigalha os palestinos em Gaza. Traçando um paralelo, coloque qualquer um dos parceiros, reais ou possíveis, descritos acima, no lugar de Israel. Depois coloque os dirigentes do Flamengo no lugar do Hamas. Sabe pra quem sobram os rescaldos dessa briga? Para os civis palestinos, ops...., a torcida do Flamengo. A gente não leva uma. Estamos arriscados a ficar sem patrocínio quase nenhum em 2009, vamos acabar perdendo a Olimpikus, é um espanto que a Petrobrás se digne a continuar negociando e patrocinando o time e, quanto às verbas para os esportes olímpicos, bom, posso estar enganado, mas podemos nos preparar para a dor-de-corno de ver a Jade, o Diego e outros ganhando medalhas e campeonatos em nome de um Pinheiros, um Minas ou outro clube menos espalhafatoso e mais afeito ao diálogo, ao invés da agressão. Porque se nós, assim como o Hamas, não temos capacidade militar e de ataque efetivos, o mais prudente é baixar a bola, procurar conversar nos bastidores e fazer acordos. Sem jogar farofa no ventilador. Só quem sofre somos nós, os civis, Palestinos e Flamenguistas. Que Alá nos proteja.
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