sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

COLUNA DE SEXTA-FEIRA - André Monnerat

Patrocínios

Sem bola rolando, e sem Cuca começar de uma vez a esboçar seu time titular nos treinos - por que, meu Deus, tá demorando tanto? -, é inevitável que o papo sobre futebol concentre-se em assuntos extracampo. E, no momento, um dos temas mais movimentados é a questão dos patrocínios.

Chegou a haver a expectativa de se ver grande parte dos grandes clubes brasileiros iniciando a temporada com camisas limpas. No entanto, a verdade é que não tem ninguém por aí nadando em dinheiro e estão todos correndo para fechar acordos que façam a grana voltar a entrar - se as empresas tão sem dinheiro, que se abaixe o preço. Em uma demonstração prática da velha lei da oferta e da procura, o São Paulo já anuncia a renovação com a LG, por mais ou menos metade do que alardeavam que sua camisa vale.

E no Flamengo, por enquanto, só o que a gente sabe é que os esportes amadores, fora basquete e e remo, finalmente poderão ter seus próprios patrocínios. Fora isso, ninguém tem certeza dos valores e duração do novo contrato com a Petrobras. Está tudo em compasso de espera.


Todo rubro-negro gostaria de ver o Flamengo assinando um contrato com o dobro, o triplo, mil vezes o valor que andam divulgando por aí. A verdade, infelizmente, é que não está dando pra pensar em aumento de valor. A crise bateu em tudo que é empresa por aí. Pra piorar, o Flamengo tem que negociar de pires na mão, com a água chegando no pescoço, precisando aceitar o que oferecerem.

Temos ainda que considerar o seguinte: infelizmente, pro mercado publicitário, o que interessa é São Paulo. É lá que está o grosso dos investimentos, são as audiências de TV por lá que são divulgadas, a exposição pro público paulista é a que toda empresa quer, a vida é assim. Todo clube de fora de São Paulo já sai em desvantagem na hora de negociar contratos de patrocínio, infelizmente. E o Flamengo tem que conviver com esta realidade.

É óbvio - o Flamengo tem a maior torcida do país. O departamento de marketing do Flamengo, tão criticado (inclusive por mim), já fez um estudo interessante pra mostrar que o clube tem a marca mais valiosa do país, a torcida com o "maior PIB". Isso tem o seu valor; o Flamengo é o único clube verdadeiramente nacional e, por isso, poderia contornar essa concentração econômica em São Paulo como nenhum outro clube do Brasil. Infelizmente, pra isso, é preciso que a diretoria saiba potencializar este caráter nacional do Flamengo. Coisa que, até hoje, não soube fazer da melhor maneira. 

E enquanto isso não mudar, a realidade a se conviver é a atual - e os valores que andam falando para o novo contrato com a BR parecem ser o que dá pra chegar mesmo, ainda mais negociando em uma posição desfavorável como acontece agora. O que se poderia tentar negociar, pra melhorar o acordo, é a entrega - o que o Flamengo dá ao parceiro em troca do dinheiro. A liberação dos esportes amadores já é um avanço. Mas o Flamengo ainda tem outras práticas que são fora do padrão do mercado e poderiam ser negociadas. Por exemplo: as mangas são sempre vendidas em separado, por todos os clubes do país - menos o Flamengo. O clube também permite uma marca extra na frente da camisa, colorida, que não se vê em nenhum outro uniforme de time grande do país. Esse tipo de prática, com a redução de valores no contrato, não poderia ser revista?

Tirando o aspecto financeiro, mercadológico da coisa - é triste ver o famoso Manto Sagrado se transformando em um macacão de piloto, como andou acontecendo nos últimos anos. Às vezes, dá vontade até de torcer para que não fechem contrato nenhum, só pra ver a camisa limpa, lindona como nos velhos tempos.

Romantismo besta, eu sei.

André Monnerat trabalha com marketing e Internet, ainda usa sua camisa oficial de 92 e também escreve no SobreFlamengo.

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