Tenho certeza que nem eu, você ou o cara da lanchonete da esquina agüentam mais. O casamento Maracanã e Flamengo esse ano foi o mais tumultuado e turbulento possível. E por obra do acaso maldito, sempre relacionando um 3x0 pela reta. Vai ter gente pensando “Pô lá vem a história do América do México e do Atlético Mineiro de novo” mas não dá, acabo voltando lá atrás porque o buraco é mais embaixo. Esses são apenas momentos agudos de um time que entrou e saiu de 2008 com um estigma: O da displicência e falta de compromisso.
Não seria o simples fato do Flamengo ainda lutar por uma vaga na Libertadores que pronto, os times entrariam em campo, o Flamengo disparava a fazer gols e o Goiás como mero coadjuvante ficaria assistindo. Óbvio que não.
Só que já estava 3 x 0. Se a derrota no Mineirão complicou, em 35 minutos tudo voltava a ser possível. Empate do Palmeiras em Salvador, derrota do Cruzeiro em Porto Alegre, estava tudo desenhado. Mas toma o primeiro, toma o segundo, vai para o intervalo, volta (e aí sim o Flamengo com postura de mero coadjuvante) toma o terceiro e fica assim.
Fica assim nada, se fosse só isso. Tivemos que agüentar a coletiva de imprensa ainda...
Tentei me convencer de que o campeonato se foi naquelas sete fatídicas rodadas do final do primeiro turno. Doce ilusão. O campeonato se foi, a vaga na Libertadores está indo, a minha e a sua confiança e expectativa estão indo e o Flamengo não encontra explicação, o que dirá então solução, para seguidos fracassos. Quando o Flamengo dependeu só dele para qualquer coisa nesse campeonato, simplesmente não aconteceu.
Às vezes é importante parar e refletir onde estávamos e aonde chegamos ao final de qualquer ciclo seja na via profissional, familiar, pessoal, enfim. Quando o Flamengo “ressurge das cinzas” em 2007 numa arrancada histórica, cria-se o fenômeno “autoconfiança”, nada de anormal nisso. Era a autoconfiança de um elenco antes questionado que soube como poucos dar a volta por cima e também da Nação, que sabia o quão importante foi o seu papel na recuperação daquele time.
Então entramos em 2008. Luta para manter o elenco, novas contratações, tentativa de manter salários em dia. Bem ou mal o clube se reestruturou. E sonhou alto: Veio do México depois de uma exibição de gala, apresentou novo técnico que já foi adiantando “posso ser campeão do mundo ao final do ano” e desenhou o caminho para o bi da libertadores. Deu no que deu.
Ainda em meio ao caos pela eliminação foi caminhando pelo Brasileiro, líder absoluto, impressionante média de pontos até a décima primeira rodada, “hexa à vista”. Desandou.
De umas rodadas para cá a meta seria se manter entre os primeiro para garantir a Libertadores. E agora? Falta uma rodada apenas. E não mais dependemos de nossas próprias forças.
Sem bi na libertadores, sem mundial, sem hexa brasileiro, sem libertadores 2009 e ainda correndo sério risco de, indiretamente, salvar o Vasco do rebaixamento. É mole ou quer mais? Desculpem mas o ano dos sonhos se desmanchou em pesadelos. Alguém pode até dizer “Pelo menos não somos nós a lutar contra o rebaixamento”. Tudo bem, tem razão. Mas se é bom disputar um campeonato de forma digna, é ótimo ganhá-lo. E o Flamengo é grande, precisa ganhar.
O pouco de orgulho próprio que me resta além da vergonha na cara, me despertam. Com a torcida que tem, com a grandeza histórica que possui, e até mesmo com os recursos financeiros que circulam na Gávea permitindo a formação de um time com a qualidade do que foi formado, está insustentável sobreviver apenas de conquistas em Campeonatos Cariocas e entrevistas coletivas estilo “essa é nossa melhor campanha na história dos pontos corridos”.
Domingo seja o que Deus quiser. Esse time não vem fazendo por merecer e tão pouco parece querer ir à Libertadores, essa é a verdade. Já é difícil acreditar no Flamengo e vou ter que confiar ou no Botafogo ou na Portuguesa junto? Isso é ridículo. Vou torcer, secar, quero o Flamengo na Libertadores. Mas não precisava passar por isso tudo semana que vem não, nem eu nem você.
A frase é forte, mas é essa mesma: Precisamos voltar a ser grande, urgente!
Até segunda e saudações rubro-negras, sempre!
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