Ir à Libertadores? Eu quero!
Vamos relembrar a performance do Flamengo nos campeonatos brasileiros de 1993 pra cá?
No primeiro ano da série, conseguimos nos classificar entre os oito melhores, mas uma campanha sem vitórias na segunda fase nos afastou do segundo título seguido e nos deixou em 7º. Um time muito jovem em 1994 não firmava um horizonte muito promissor e, por isso, não passamos do 17º lugar.
Veio o ano do centenário. Um ataque forte, mas um time fraco. Na época em que o marketing era mais importante que o planejamento sério, pagamos mico e ficamos em 21º. Em 1996, um desempenho irrelevante nos deixou em 13º.
Enfim, um alento em 1997: mais uma vez nos classificamos entre os oito primeiros, graças a Paulo Autuori e um time ajeitado e sem brilho. Vieram Vasco, Edmundo etc. e paramos em 5º. Depois, 1998 e 1999, algumas esperanças, soterradas pela realidade de um 11º e de um 12º lugar. Na Taça João Havelange de 2000, repleto de estrelas, o Flamengo ficou mesmo na 19ª colocação.
Começa o século 21 e, com ele, anos sombrios. Em 2001, escapamos do rebaixamento na última rodada. Ficamos em 24º lugar (sorte que 28 times disputavam o torneio). No ano seguinte, uma melhora: fugimos da série B na penúltima rodada, e conseguimos um 18º lugar. Em 2003, primeiro ano de pontos corridos, mal podíamos acreditar: conseguimos ficar na oitava colocação! Novos ventos? Só se foram os da infâmia: um 17º lugar em 2004 e um 15º lugar em 2005 foram obtidos com milagres, depois de campanhas assustadoras.
Então chegou 2006. A vitória na Copa do Brasil transformou o Brasileirão num longo e modorrento passeio, que nos deixou na mediocridade do 11º lugar. Em 2007, aí sim, uma bela surpresa: uma arrancada sensacional e um inesperado e inesquecível 3º lugar. Não devemos melhorar muito em 2008, mas também não conseguiremos nada pior do que a 5ª colocação.
O desfecho do ano passado e o melhor aproveitamento de 2008 mostram que o Flamengo melhorou muito nos últimos 3 anos em relação aos 13 anteriores e, neste pique, continuará brigando, no futuro, pelas primeiras posições. Isto é Flamengo. Mas o desempenho atual evidencia que o clube, da diretoria aos jogadores, merecem aplausos? Não, claro que não.
Afinal, “o Brasileiro é obrigação”, conforme diz a flâmula presa na arquibancada do Maracanã. Silenciosamente, a faixa lembra qual deve ser sempre a meta do Flamengo. Neste ano, como em nunca outro desde 1992, chegamos perto. Infelizmente, não deu.
Mas a constatação de que não deu chegou faltando duas rodadas para o final do campeonato. Se hoje morremos na praia, antes nos afogávamos no alto-mar do meio do Brasileiro. Ao menos, parece que a ambição rubro-negra mudou de “não cair” para “ser campeão”. Uma evolução significativa.
Mas lutar pelo título não significa conseguir isso sempre. Os jogadores cometem falhas bisonhas e perdem gols feitos. O técnico escala mal a equipe e é incoerente nas escolhas. Os dirigentes vendem os jogadores e demoram a repor o elenco. Os árbitros erram clamorosamente. Os adversários jogam melhor. Muitas foram as razões que impediram a conquista do objetivo pelo qual o Flamengo tanto batalhou nestes quase sete meses. Razões, porém, que ainda não tiraram o time de uma grande – sim, grande! – conquista: uma vaga na Libertadores de 2009.
Fiquei estarrecido ao ler comentários de rubro-negros que, sem o hexa, desprezam a participação no principal torneio da América. O mesmo cuja vaga inacreditavelmente conseguimos em 2007 e pela qual tanto comemoramos. O mesmo cuja conquista citamos com muito orgulho em discussões com torcedores de times que não a têm. O mesmo pelo qual tanto brigam, nos bastidores, times brasileiros interessados em herdar as vagas dos clubes peruanos.
Entendo que os torcedores insatisfeitos com o fim do sonho do hexa, se pudessem, trocariam a vaga na competição pela conquista do título (eu também, oras!), e que a preferência seja motivada pela grandeza do Flamengo e pelo jejum de 16 anos. Mas ter o direito de disputar a Libertadores não é outro sinal de grandeza?
Participar do torneio seguidas vezes reforça internacionalmente a marca do Flamengo. Dá mais experiência aos jogadores. Colabora para que potenciais reforços tenham interesse em defender o Manto Sagrado. Sempre saímos nas oitavas-de-final? Aprendemos com os erros e saímos mais calejados (depois do que aconteceu em 7 de maio de 2008, aquela empáfia jamais se repetirá). Com esse time não iremos longe? O SPFC se classificou em terceiro lugar no Brasileiro de 2004 e foi campeão da Libertadores no ano seguinte.
Sinceramente, dizer “também não quero” pra vaga da Libertadores revela mimo, infantilidade e chororô, atributos que não caem bem num rubro-negro. Libertadores? Temos chances de ganhar a vaga mesmo sem título brasileiro? Eu quero. E vou torcer até o fim. Nada contra a Copa do Brasil, mas quero acompanhar o Mengão nas quartas-feiras à noite nesses estádios malucos da América do Sul, com chances de chegar à decisão mais importante do mundo.
Enfim, reiterando e reforçando o que já disseram os dois Tiagos, Cordeiro e Bosco, domingo começa o torneio. Aliás, comprei meu ingresso ontem. Nos vemos lá no Maraca.
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Lembrete - Não pensem que busco razões compensatórias ou desculpas esfarrapadas para diminuir a perda do hexa. Estou triste pela perda do nosso maior objetivo. Porém, como bem falou o Tiago Cordeiro, depois a gente avalia o que deu errado pra ano que vem conseguirmos o título. Por enquanto, ainda temos a vaga pra Libertadores como meta. E isso não é nenhum “prêmio de consolação”. É prêmio. E ponto.
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Simon – já deu, né? Tudo bem, errou, lamentável, que droga etc. Mas outros juízes erraram tão grosseiramente (ou mais) e... vida que segue. Uma reclamação formal? Ok. Pronto, agora chega. Que tal treinar e se concentrar pra domingo? Culpar o juiz a semana inteira é, mais uma vez, uma demonstração amadorística de como encarar os problemas. Problemas que, aliás, estão muito mais nas chuteiras rubro-negras do que no apito.
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Goiás – muito cuidado com o time do Centro-Oeste. A garantia da vaga para a Sul-Americana não tira a motivação dos jogadores. No Maracanã, o Goiás é freguês. Que continue assim.
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Esperança – confio no Flamengo, no mau retrospecto recente do Grêmio fora de casa, na bravura dos reservas do Internacional e no talento e velocidade dos jogadores do Vitória.
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