Aviso da Administração do Blog: Excepcionalmente, por conta do aniversário do Blog, publicamos a coluna de João Marcelo Maia nesta quinta-feira, no dia do colunista Raphael Perret, que, em função de compromissos profissionais, não teria condições de publicar o texto hoje. Semana que vem volta tudo ao normal.
COLUNA DE QUINTA-FEIRA - João Marcelo Maia
Chutes e Pitacos
Este atual elenco do Flamengo reclama muito. Depois de Caio Jr. afirmar que não entendia as vaias para Juan, agora é o próprio que se sente excessivamente cobrado, como se fosse um injustiçado. Bom, alguém precisa lembrar a esses dois e a todo o elenco que eles não ganharam nada que justifique qualquer imunidade ou garantia contra vaias.
O que esse atual elenco fez na história do Flamengo? Basicamente, dois campeonatos regionais e uma Copa do Brasil. Esta última foi uma bela conquista, mas não se deve esquecer que a final foi contra um freguês eterno. Além disso, há um bom tempo que a Copa do Brasil se constituiu numa espécie de Copa UEFA, prêmio de consolação para os que não conseguem atingir a Libertadores. Eu prefiro nunca mais jogar ou conquistar essa copa.
Alguns lembrarão que esse elenco protagonizou a heróica arrancada para a Libertadores da 2007. Muito bom, mas qual título foi incorporado à sala de troféus mesmo? O que nos leva ao seguinte fato: esse time de Léo Moura, Juan, Bruno, Fábio Luciano, Obina e adjacências, foi o responsável por um dos maiores fiascos da história do Clube de Regatas Flamengo. Simples assim. Isso não os condena à danação eterna ou ao exílio siberiano, mas certamente anula a legitimidade de qualquer queixa ou reclamação. Os homens, técnicos e dirigentes que perpetraram a grande vergonha diante do América não têm o direito de se sentirem amuados com cobranças, reclamações e vaias. Na verdade, eles não têm direitos, apenas obrigações.
Quando a torcida fez a faixa "Brasileiro é obrigação", estava sintetizando o sentimento que me move ao escrever. Não se trata apenas de uma conquista que "compense" o fiasco, mas da adoção de uma atitude geral, baseada no sacrifício, na humildade e na vergonha. Todos os que estiveram envolvidos naquela tragédia têm o dever de se portarem como cristãos primitivos, afastando-se de qualquer vaidade ou senso de orgulho. Devem se comportar como pecadores cuja única missão no mundo é lutar pela redenção, e precisam suportar esse fardo em silêncio. Enquanto isso, que ouçam calados os palavrões e as vaias.
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