segunda-feira, 13 de outubro de 2008

COLUNA DE SEGUNDA-FEIRA - Herminio Correa


Que “corneta” é essa?

Muitos compararam o “vareio” dessa 29ª rodada à derrota para o América pela Libertadores. Não concordo. Contra os mexicanos, o Flamengo começou bem, foi perdendo um caminhão de gols até tomar o primeiro, seguiu pressionando até que veio o segundo. Voltou pra os 45 minutos finais completamente desarticulado, partindo para cima como se fosse obrigatório fazer o gol e o final vocês todos já conhecem tanto quanto eu.

Contra o Atlético não houve isso. Não houve pressão, não houve combate, luta, garra, nada disso. Ou melhor, não do lado rubro negro. E só nos restou curtir o final de semana, perplexos por uma atuação tão desastrosa. Depois de uma derrota tão evidente, é claro que o clima entre os torcedores seja de desânimo, algo completamente compreensível. Não dá para acreditar em muita coisa se em um momento decisivo do campeonato, em casa, com apoio em massa da torcida, ocorre uma atuação vergonhosa como essa. Em dia de desastre é muito fácil achar e apontar erros. Parece que tudo justifica o revés. Mas o bom senso principalmente pelo momento no campeonato deve prevalecer.

O problema em sua essência é estrutural, agravado pela falta de um camisa 10. Nenhum destes (Ibson, Kleberson, Marcelinho, Sambueza, Fierro) desempenha o papel de homem de ligação entre o meio campo e o ataque. E quem tem se atrevido a fazê-lo fica sobrecarregado entre marcar e criar, proporcionando a quantidade de passes errados como nesse jogo e mostram claramente que não são jogadores capazes de desempenhar essa função. Conseqüência disso: Meio campo inoperante na criação e perdido na marcação, ataque isolado, defesa desprotegida.

A força do Flamengo de certa forma é ter dois laterais que avançam com qualidade só que isso tem um preço alto ainda mais se a zaga – excelente, diga-se – é lenta. Alguém tem que proteger esses avanços. Então o que fazer já que não temos o camisa 10 de ofício e nossa força ofensiva está nos pés dos laterais? Forme um meio com o que tem à disposição no elenco - cabeças de área - e, claro, escale um “falso” terceiro zagueiro para proteger a defesa, afinal alguém tem que ficar na sobra. É a partir daí que algumas deficiências tornam-se evidentes no elenco.

Nesse esquema de jogo, Jailton é titular e só vai ser sacado da equipe quando tivermos o meia de criação – aí podemos contar com Ibson e/ou Kleberson recuados em suas reais posições, à frente da zaga – ou quando assumirmos um terceiro zagueiro de vez, algo que vai ocorrer domingo contra o Vasco já que ele tomou o terceiro cartão. Além disso, Ibson e Kleberson não são armadores. Não vão receber a bola no meio campo e carregar lá na frente, deixando nosso ataque em condições de concluir. E pior, ambos estão sobrecarregados porque estão responsáveis por essa função. Tentam, não conseguem, erram, são vaiados – algo que considero injusto.

Para os que discutem a demissão ou não do Caio: Chegou em um momento em que o mercado não nos dava opções viáveis economicamente, foi uma aposta “barata”. O erro veio ao cobrir a proposta do oriente médio, passando a pagar o que não queria (ou não podia) para um técnico ainda contestável. Se havia disposição para um alto salário, que fosse para outro mais experiente. Agora demiti-lo nesse momento seria errar novamente, além de arrasar de vez as contas do clube, não há um substituto unânime no curto prazo. Só assusta lembrar que o discurso em sua chegada foi de “poder ser campeão do mundo”. Já para 2009 eu não me arrisco, é outra história.

Mas sem surgir aqui com “filosofias simplistas”, o que diferencia fortes de fracos, vencedores de perdedores, é exatamente a capacidade de se erguer após a queda. Se alguns querem continuar caídos, reclamando do Márcio Braga, do América do México, do Jailton, da Petrobrás, do Caio Jr., do Kleber leite, pois bem, fiquem. Uma coisa é ter consciência dos fatos ruins que nos levam a essa situação, outra é ficar lamentando, “chorando”, como se tudo estivesse perdido e não houvesse mais solução. Ainda que esse comportamento seja mais peculiar aos lados de General Severiano eu respeito os que optam pela segunda.

Só uma reflexão antes, direcionada aos que reclamam da incompetência de quem administra o Flamengo: Estamos todos aptos para votar nas próximas eleições do clube, não é mesmo? Às vezes vejo manifestações contrárias a "este" ou "aquele" e desconfio que sequer saibam que 2009 é ano de eleições. Queremos um Flamengo forte não é? Tenho muitas críticas a fazer sim a essa diretoria, mas farei uso de meu voto para tal. Alguns invertem valores e querem que as coisas mudem no Flamengo através de bombas. Outros propõem abandono ao time, afastamento da torcida do Maracanã. E há ainda quem não proponha rigorosamente nada e fica só “cornetando” mesmo.

Pensem nisso!

Qualquer que seja nosso sonho a partir de agora, libertadores ou título, terá que ser reconstruído rodada após rodada. Todos nós queremos o hexacampeonato que, não vindo esse ano, não determina o fim de tudo. Não diminui, por exemplo, a importância de lutar até o fim em busca de uma vaga na Libertadores. Portando esse time há de seguir em busca da superação e ao final do campeonato vemos se o que foi conquistado corresponde à capacidade desse grupo.

Fato é que o Flamengo é muito maior do que eu, você e todos os que receberam críticas nesse post! Então como Rubro Negro que sou, prefiro levantar, sacudir a poeira, erguer a cabeça e voltar à disputa, afinal domingo tem clássico, tem Flamengo em campo. Bem ou mal é esse mesmo Flamengo que chegou até aqui com chances de titulo. Sendo assim, lugar de Rubro Negro no próximo domingo é no Maracanã!

E que venha a freguesia portuguesa!

Até segunda e saudações rubro-negras, sempre!

Flamengo Net

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