quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O 10 e o 22...

Quando eu era muleque, lá nos anos 70, time de futebol era do "1 ao 11" e pronto, daí em diante era tudo "reserva". Eis que em 1974 aparece a Laranja Mecânica, e o craque deles usava a... 14! A cultura do futebol tupiniquim era "o craque com a 10 e o resto em volta dele", e, portanto, foi um barato descobrir que um "reserva", o tal do Cruyff, era o craque da Holanda. Mas o que isso tem a ver com o Fla? Calma, chego lá.


Em 1981 o célebre time rubro-negro campeão da Libertadores (e depois do Mundo) era facilmente escalável, e ainda é hoje em dia, por qualquer um. Mas me lembro do espanto em ver o "22" estampado no Manto Sagrado. Por ser uma competição internacional, a numeração era fixa. Julio "Uri Geller" César era o dono da 11 no Brasileiro de 1980, mas após ser caçado em campo, e finalmente sofrendo uma contusão séria, praticamente encerrou sua carreira no futebol ainda em 1980. Tita, o "futuro Zico", e espécie de anti-Beatle, vivia às turras com a torcida e a direção do Flamengo e não foi inscrito para a primeira fase da Libertadores, e, se não me engano (ajuda please!), chegara a ter sido negociado. O Flamengo, então, teve que correr atrás de um ponta, e o encontrado foi o Lico, que recebeu a estranha camisa 22, que tanto me impressionou na época.
"22"! Lembro-me claramente daquele clássico manto, com a fonte típica da Adidas. O fim do filme todos sabemos: Cobreloa e Liverpool escorraçados em menos de um mês, e o mundo era rubro-negro com Lico tendo grande destaque nas duas (três! não esqueçamos da freguesia!) conquistas daquele fim de 1981.

O tal do 22 (número de maluco aqui no Rio) me marcou tanto que eu sempre dei um jeito de ter um jogador de botão ou de usar o 22 nos times de salão ou de vôlei, ou mesmo no Hatrick. E o 2 ainda era o número do Leandro, um dos meus ídolos. Então, o 22 era duplamente qualificado, Leandro-Lico.

E os anos se passaram e o 22 ficou esquecido, em geral os reservas vestiam do 12 ao 18, e não tivemos nenhum 22 digno de nota até o início deste ano. A Nike, por questões contratuais, institui a numeração fixa nos jogadores e Marcinho, justamente com a 22, foi o destaque do time no início deste ano, ombro a ombro com o 10 de então, Renato Augusto. Coincidência ou não, a saída de ambos, 10 e 22, foi determinante para a nossa queda na tabela. Até que...

Bem, talvez seja leviano de minha parte, mas no último domingo o 22 em campo deu uma sensação muito muito boa, apresentou um ótimo cartão de visitas, e foi substituído justamente por um 10 que, mesmo sem ser gênio, soube honrar o número às suas costas.

Agora há pouco contra o Figueira tive a mesma sensação, o 22 e o 10, se não fizeram a diferença, deram mais consistência a este time. O 22 veio pra ficar. E sem a mística do 10, o Fla não é o mesmo. Mas no fim das contas, o que importa mesmo é o 3, de três pontos a mais. Aa ascensão na tabela vai ficando mais consistente.
Avante Mengão!

***

E me desculpo aqui ante aos nobres colegas blogueiros pela presença digna de vereador, mas a vida profissional e familiar (em fevereiro tem mais um rubro-negro na área!) não me deixa muito tempo para textos realmente dignos deste blog.

Flamengo Net

Comentários