terça-feira, 12 de agosto de 2008


COLUNA DA TERÇA-FEIRA - Alexandre Lalas


Bendito padre!


Na sexta-feira, véspera do jogo contra o Atlético-PR, o presidente Márcio Braga apresentou o seu “reforço” para o Flamengo: o padre Benedito. O sacerdote benzeu a Gávea e os jogadores e, perguntado quanto seria o jogo do dia seguinte, profetizou: “um a zero já está bom, o importante é sairmos da crise”. Coincidência ou não, contra os paranaenses não tivemos músculos arrebentados e nem ossos quebrados. E mais: mesmo usando a camisa azarada, vencemos por um a zero, o placar do padre!

Mas se a benção conseguiu afastar os azares da Gávea, infelizmente, não foi suficiente para trazer de volta o bom futebol ao Flamengo. Voltamos a errar demais, tivemos pouca presença na área e vencemos em um golpe de sorte. A mesma sorte que andava longe do time há algum tempo. Para que voltemos a jogar bem, temos que trabalhar. E muito.

A diretoria finalmente entendeu que o time precisa de reforços. Marcelinho Paraíba já é alguma coisa. Certamente, é superior ao que está lá. Mas para que consigamos uma reação importante no segundo turno, mais do que contratar jogadores, precisamos recuperar alguns dos bons que lá estão e que pouco ou nada têm jogado. Casos de Leonardo Moura, Ibson, Obina e Jonatas.

Dez entre dez especialistas vaticinaram que a maratona de julho, com jogos às quartas e domingos, seria determinante para decidir os times que brigariam pelo título. De fato, a janela somada à seqüência de jogos sem tempo para treinos, arrebentou de vez o nosso time. Sem opções, Caio Junior se perdeu. E o time desabou da liderança folgada para a sétima posição. Mas ainda há tempo.

Na Europa, é comum o revezamento entre jogadores durante uma maratona de jogos como essa. Nós, infelizmente, não temos a mesma condição financeira, portanto, a mesma possibilidade de sustentar um plantel que nos permitisse poupar, volta e meia, os principais titulares do time. E alguns atletas parecem terem sentido o esforço. Leonardo Moura e Ibson, dois dos que mais jogaram neste ano, são os casos mais gritantes. Ambos são jogadores que gostam de arrancar com a bola. Precisam de força física para fazerem valer a sua técnica e seu estilo. Nas últimas partidas, nem um nem outro é sombra do que costumava ser. O motivo talvez seja a falta de treinos. Outro caso de queda flagrante de rendimento é Obina. O bom baiano precisa estar bem fisicamente para jogar. Mesmo acima do peso. Precisa de arranque e de força para trombar com os zagueiros adversários. Sem força e sem arranque, seu futebol desaparece. Jonatas é diferente. Deveria ser afastado e obrigado a treinar em tempo integral, e fazer suas refeições acompanhado da nutricionista do clube. Assim, com um trabalho especial e individualizado, talvez conseguisse recuperar sua forma e, com ela, o bom futebol que já mostrou possuir.

A seqüência de jogos nos meios e finais de semana faz com que a quantidade de treinos seja drasticamente reduzida. A rotina fica meio que aeroporto-apronto-jogo-descanso. Sobra pouco ou nenhum tempo para trabalhos específicos de força e resistência. O time se preparou bem para esta fase do campeonato. Mas jogadores saíram (negociados ou contundidos), as vitórias escassearam e a pressão aumentou. Com isso, as pernas passaram a pesar mais. E a confiança foi para o espaço.

A abençoada vitória de sábado foi essencial para devolver um pouco da tranqüilidade perdida. Mas os bons ventos só voltarão a soprar se Caio Junior e a comissão técnica tiverem a inteligência de recuperar fisicamente Leonardo Moura, Ibson, Obina e Jonatas. Do contrário, precisaremos de muito mais do que um apoiador e outro atacante para resolvermos nossos problemas. E, certamente, de muitas bênçãos de padre Benedito e de preces a São Judas Tadeu...

Até terça!

Flamengo Net

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