terça-feira, 3 de junho de 2008

O Dia Que Vovô Marcou o Zico
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Eu vou lhes contar uma história, real, verídica e verdadeira, porque aconteceu:

Nos início dos anos 80, meu amigo de infância, de colégio, conterrâneo e vizinho, o Paulo Ramos, era um belo jogador de futebol, recém saído dos juniores do Olaria Atlético Clube. E, pra deleite da nossa turma, ele nos contava e conta até hoje, as curiosidades dos bastidores do “mundo da bola”.

Lembro de sua estréia, num Flamengo x Olaria, quando entrou logo aos 15 minutos, ainda do primeiro tempo, substituindo o já veterano, Aurê, que se machucara. Coitado do Paulinho Vovô, como era conhecido no clube, por causa da sua cara de maracujá de gaveta. Aliás, ele é a cara do Eduardo Costa, do grêmio, só que sabe jogar bola.
Mas, ele lembra até hoje, que o seu treinador, naquele jogo, deu-lhe a seguinte ordem: “_Vovô,...entra e cola no Zico !! Não deixa o Zico andar em campo!!”.

O Zicão pegava na bola e toma-lhe come no Paulinho. Passou por ele, quantas vezes quis passar. E ele conta: “_Sérgio,...não dava pra parar aquele cara !!! Só na porrada!!!”
Era preciso mais um pro serviço, então, aos berros, o treinador deu outra ordem: “_Fulano,.....você e Vovô...cola os dois no Zico e não deixa ele andar!!!” E os dois colaram no Galinho e Ele, malandramente recuou.

Foi então, que o Júnior passou a armar as jogadas e a destruir o jogo. O treinador escolheu mais dois: “_Siclano e Beltrano....cola no Júnior e não deixa ele andar no campo!!!” Conseguiram marcar o Júnior e o Capacete ficou apertado e também deu uma recuada.

Aí veio o Leandro e começou a armar as jogadas e o treinador tornou a gritar: “_Eeeiii....vocês dois aííí....cola no Leandro e não deixa ele andar em campo!!!!!” E lá foram mais dois pro sufoco.
Foi então a vez do Adílio aproveitar os espaços e começar a deitar e rolar..........e lá veio o treinador, à beira do campo: “_EEEeeeiiii.....voces dois aê....(outros dois).....cola no Neguinho Adílio e não deixa ele.............

Paulinho Vovô conta que, mais cansado que asmático em cama de piranha, chegou perto do chefe e falou:

“_Pô....nós já tâmo usando 8 pra marcar 4 e eles ainda tem mais 7 que tão livres..........a gente marca um, vem o outro, entra e faz o gol......pô......bota mais gente em campo aê, que assim não vai dá não!!”

O Mengão meteu 5 neles, com um show tático de inversões de posições.

Um time de futebol, não se faz, somente, tendo dois bons alas, avançando e apoiando, como faz o Flamengo atual. O adversário marca esses dois e o esquema ofensivo está acabado.
Também, não se faz, somente tendo um grande jogador de meio campo, como era com o Zico. É colar um carrapato no cara e acabou a distribuição do jogo.

Da mesma forma, não se faz, tendo, somente, um centro avante matador. Põem-se três zagueiros, dois encima, um na sobra e o matador não vai dominar uma.

E, mesmo que o adversário não exerça essa marcação específica, basta que, o craque não esteja num dia muito inspirado, que o Titanic afunda.

Um time bom, pra rodar redondinho, pras engrenagens ficarem azeitadas, mesmo, tem que haver um conjunto de detalhes, muito bem ensaiados, que faça com que, aonde a bola chegue, aconteça um tipo de jogada eficaz, por aquele lado.

Então, vejamos, usando o Flamengo atual, como parâmetro:

Temos dois bons laterais, com estilos ofensivos. E todo mundo sabe e fala abertamente que, “é só marcar os dois, que acaba o poder ofensivo do time”.

O que aconteceu, na decisão, contra o bostafogo? O Seu Cuca fechou e entrada da sua área e, lá na frente, colocou dois cuca-boys, abertos, um em cada ponta, obrigando o Leo e o Juan a não saírem tanto, como o Íbson estava menstruado, no dia e como o "Çouza" não oferece nenhum perigo, a nenhuma defesa, nem de time feminino, a bola ficou quadrada, pros comandados do seu Joel. Não havia mais opções de ataque, para o Flamengo e a preocupação deles, era uma só; “marcar os alas”. E assim, eles saíram vencendo o primeiro tempo.

Já, no segundo tempo, Seu Santana colocou, o Tardelli e o Obina e o que aconteceu, vocês lembram??....A zaga do roscafogo teve mais pra se preocupar.

Primeira preocupação, na frente, passou a ter um cara forte, que embora não fosse um craque, chutava e cabeceava bem, com força e sem medo. Segunda preocupação, um outro cara, habilidoso e veloz, começou a cair pelas pontas, ora direita, ora esquerda e os zagueiros começaram a ter que se espalhar mais na área, assim como os cabeças de área, também se espalharam mais, abrindo a defesa.

Foi o primeiro furo, no penico deles. Essa mexida, no conjunto do jogo, abriu o espaço, que os dois alas Rubro-Negros, antes, não haviam encontrado. Mais merda ainda, dentro do penico furado.
Então, os dois alas, avançaram e começaram a criar jogadas de ultrapassagem, com o Tardelli, por um lado e por outro. Foi o segundo furo no penico no Seu Cuca, que já estava pingando.
Já eram quatro preocupações. Dois alas chegando, um jogador habilidoso pelas pontas e um centro avante que assustava.

E a coisa mudou de vez, porque, com essa abertura de espaços, os homens do meio começaram a chegar mais, de frente pro crime e, ainda tinha os zagueiros aparecendo.

Daí, o penico do Seu Cuca vazou de vez e o Flamengo iniciou a “Operação Espalha Merda”, provocando a maior cagada no sistema defensivo dos caras.

Primeiro gol: Juan bate falta cruzada na área e Obina faz de cabeça. Se eles avançavam, abriam mais espaços, se ficassem na retranca, fedeu, o empate era nosso. O que fazer?? Cuspir, ou engolir?? Eles resolveram cuspir, mas engasgaram e acabaram engolindo.

Segundo e terceiro gols, duas arrancadas pela esquerda e Tardelli e Obina fecharam o caixão.
Isso aconteceu naturalmente, durante o andamento do jogo. Eu não acredito que Papai Joel tenha ensaiado nos rachões que ele realizava na Gávea. Afinal, tanto o Leo, quanto o Juan, como o Tardelli, esses caras têm habilidade e Obina tem a força e a decisão.
E olhem bem, que no meio campo, havia um troço, que atende pela alcunha de “jaílton”, o “bala perdida”, dando porrada até no placar eletrônico.

Agora, meus frendis e minhas frendas; Imaginem o Homem Fluido treinando a rapaziada, direitinho, com a entrada do Jonatas, que é bola....!!?? ...huuummm...?? Já pensaram?? Quando chegar no meio do Brasileirão, o entrosamento vai ser perfeito.

Claro que, não temos um time igual ao do Zico, mas, algumas coisas podemos ter, como tinha o time do Zico; Entrosamento, variações de jogadas, deslocamentos constantes, reservas competentes e estimulados, preparo físico e, vontade de vencer.

O que o Luxa faz, com seus times, é justamente isso. Ele põe em forma e treina os caras, para realizarem um monte de diversas jogadas, por todos os lados do campo. Treina situações reais de jogo. E quem não se encaixa, roda. O fracasso não é opção para os vitoriosos.

Mas, acima de qualquer outra coisa, o mais importante que o Flamengo de hoje, tem que copiar do Flamengo de Zico, é a “Escola”.

Sim. O Flamengo, sempre fez escola. Os garotos na base eram criados com a idéia fixa no “Toque de bola Rubro-Negro”. Os adversários sabiam que, se dessem mole, ficavam na roda, envolvidos, assistindo, isso, em qualquer categoria.

Era aquela brincadeira do “Tudo que Seu Mestre Mandar,...Faremos todos!”.

Quando o moleque subia, ele já vinha com a mesma manha dos veteranos. Era tocar redonda nele, que ele voltava redonda na frente. No time de cima, era a Universidade.

E o Luxa fez escola, da alfabetização à nível superior, aonde ??? Foi lá que ele aprendeu a fazer o “Nó Tático”.

Tomara que, se o Caio Júnior vier a ler esse texto, ele diga:

“_Pois é justamente assim, que eu trabalho.”

Vou ficar feliz da vida!
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Este texto teve o patrocínio do
”Caldo de Galinho de Quintino Qui Nó”
O tempero que vai deixar o time melhor.

Flamengo Net

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