COLUNA DE SÁBADO - Mauricio Neves
Entre Joel e Caio
Tínhamos um Flamengo de Joel Santana. Limitado, de baixa variação, mas eficiente em sua proposta simples, de fazer sempre o mínimo necessário. Um time que poderia ter ido até mais longe, mas que não permite que se reclame da sorte. Era o Flamengo, claro, em plena conjunção astral com a torcida desde a arrancada no Brasileirão. Uma força que não pode ser desprezada. Mas ao fim e ao cabo, era apenas um time de Joel Santana, com as severas limitações de todos os times de Joel Santana.
Será que já temos um Flamengo de Caio Júnior, ou ao menos um princípio de? Os times que enfrentaram Santos, Grêmio, Inter e Fluminense eram nitidamente uma sobrevida do Flamengo de Joel, um último suspiro de um modo de entender a partida - gastando nisso os primeiros trinta minutos, às vezes até quarenta e cinco - e jogá-la com muita repetição e pouca inspiração.
Os gols de toque de bola marcados contra o Figueirense permitem a esperança de um novo Flamengo, que tenha mais do quem cruzamento de Léo Moura ou de uma bola alçada por Juan a oferecer. O time fez um, dois, três, quatro gols, antes mesmo que o adversário pudesse entender que estava no Maracanã e que havia uma bola em disputa. Não posso acreditar que já seja um Flamengo de Caio Júnior, dado o pouco tempo, mas quero - sobretudo quero - acreditar que marcar quatro gols no primeiro tempo seja indício de um espírito diferente do anterior.
Claro, o São Paulo de logo mais não é o Figueirense de há uma semana. Mas se o jogo vale uma distância de dez pontos para os atuais campeões, se vale uma reaproximação com a torcida depois de uma grande decepção, vale mais para Caio Júnior. É a partir de hoje que saberemos se o seu trabalho já deixou alguma marca ou se ainda precisamos esquecer Joel Santana e seu jeito de montar um time bonitinho, mas ordinário.
Torço por você, Caio Júnior.
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