Léo Lima vazou. Finalmente. Deu linha, ralou peito, já era, foi pro ovo. Aleluia, irmãos! Aleluia! Em sua curta e interminável temporada no Mengão, Léo Lima conseguiu angariar a antipatia de todos, tornando-se, talvez, a primeira e única unanimidade não-burra da Gávea. Para gáudio e alívio da maior torcida do mundo, a história do Comedor de Tijolo no Flamengo acabou.
Mas a maneira como esse desejo dos torcedores se realizou foi, digamos, bastante inortodoxa. Analisemos os antecedentes dessa rumorosa defecção do nosso plantel de acordo com as fofocas mais confiáveis. Começando pela folha corrida do indigitado: Léo Lima estava no desvio após ter sido dispensado do ultimo clube por indisciplina. Veio pro Mengão de contrapeso, contratado para agradar ao empresário do Souza e facilitar a vinda do atacante. Desde que pôs os pés no Flamengo o cara não jogou absolutamente nada, foi expulso de bobeira várias vezes e prejudicou a equipe em jogos importantes.
O ano nem tinha passado da metade e o cara já tinha conseguido ser considerado o pior do elenco em 2007, e olha que disputando essa honraria com mulambos terminais, felizmente já evacuados do clube, cujo nome a educação me impede de declinar. Nos últimos tempos o cara não era sequer relacionado pro banco. Ou seja, Léo Lima era um morto-vivo no Flamengo. Só que um morto-vivo que todo fim de mês passava no caixa pra pegar a bufunfa, algo próximo de 50 barões.
Pegue fôlego agora porque a frase seguinte é grande. Precisava que um torcedor fosse até o treino na Gávea e fizesse um barraco, provocasse o Léo Lima, que o Léo Lima chamasse o torcedor pra cair dentro, que o segurança retirasse o torcedor do treino, que saísse a reportagem em todos os rádios, TVs e jornais para que alguém do Departamento de Futebol Profissional do Flamengo tivesse a idéia brilhante de mandar o Léo Lima embora? Fala sério.
Num esporte de alto rendimento administrado profissionalmente, a demora em se livrar de um atleta indisciplinado, tecnicamente incapaz, impopular com a torcida, e que não vinha tendo um desempenho minimamente aceitável é algo totalmente inexplicável e, provavelmente, nunca saberemos o que realmente rolou. Mas acho que podemos tirar algumas lições dos lamentáveis acontecimentos ocorridos no treino dessa terça-feira.
A primeira lição é relativa às contratações: chega de apostas amalucadas, principalmente quando os objetos das apostas forem notórios arruaceiros com passagens conturbadas por clubes de menor expressão. Sem falar nos valores da rescisão, quanto nos custou esse cabeça-de-bagre? Qualquer que seja a quantia, podemos ter a tranqüila certeza de que foi caro demais.
A segunda é sobre a inadequação da Gávea para treinamentos. Temos um CT em Vargem Grande, cujos escassos recursos que oferece foram obtidos com contribuições de flamenguistas de todo o Brasil. Não há sentido em abrir mão da privacidade e do sossego que o CT proporciona e expor o time à fauna de desocupados, marias-chuteiras, torcedores legítimos e psicopatas das mais variadas cepas que conseguem ter seu acesso franqueado à sede do Flamengo.
A terceira e mais importante é em relação ao comportamento dos torcedores nos treinos do Flamengo. Pra começo de conversa, nenhum rubro-negro, seja sócio, dirigente ou o mais humilde dos geraldinos tem o direito de ir ao treino do Flamengo e se comportar como um idiota. Ali é um local de trabalho, os artistas estão ensaiando, não estão se apresentando. Portanto, vaias, ofensas ou qualquer outro tipo de palhaçadinha contra os profissionais que ali estão ralando é atitude indigna de quem se diz flamenguista. A posição do Flamengo na tabela é irrelevante, poderíamos estar liderando o campeonato com 200 pontos de vantagem que uma confusão dessas no treino só poderia prejudicar o time. Tal estupidez deve ser sempre coibida com rigor pelo clube e repudiada pela parcela pensante da torcida.
Tem muito rubro-negro achando que o torcedor mandou bem, e que foi até comedido em seus comentários técnicos que provocaram a violenta e inadmissível reação de Léo Lima. Uns engraçadinhos pensam até em oferecer uma placa pro torcedor mal comportado. Otarice. Pessoalmente, por mais feliz que esteja com o resultado de tudo isso, sou da opinião de que o torcedor que provocou todo esse furdunço vacilou feio. Espero que essa presepada não inspire outros desmiolados a perderem a linha e a razão. Perdoem-me a má palavra, mas nós não somos botafoguenses. Os rubro-negros que desejam fazer jus a esse título nobiliárquico que nos distingue têm a obrigação moral de serem os primeiros a respeitar o Flamengo. Por favor, mantenham a compostura. Evitem os barracos, não estamos em General Severiano.
Mengão Sempre
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