domingo, 9 de setembro de 2007

Um "ótimo" juiz
Que as atuações do Clube de Regatas do Flamengo neste chatíssimo campeonato brasileiro estão abaixo de qualquer crítica, creio ser consenso entre todos os cidadãos sérios deste país. Malgrado um ou dois jogos em que os comandados de Joel Santana fazem gols contando com a sorte ou outro jogo em que o argentino Maxi se comporta como numa Bombonera, o que se vê mesmo é uma tragédia dentro de campo. Aliás, falar mal do Flamengo no campeonato brasileiro já virou algo como conversar sobre o tempo no elevador: afinal de contas, na falta de assunto, o tempo nunca está do jeito que a gente quer. “Que calor, heim?”. “Chove demais”. “Será que não cai uma chuvinha para refrescar?”. “Lá se vai meu fim de semana”. E por aí vai. O Flamengo me parece ser a mesma coisa. Há saudosos de Ney Franco, um dos treinadores mais pavorosos que o futebol brasileiro – este doente terminal – já conseguiu expelir (via reto) em todos os tempos. Há aqueles que consideram a mudança de Ney para Joel Santana como se o clube tivesse acertado na mega-sena ou coisa parecida, elevando o confuso Natalino à categoria de um Telê Santana.
Fato é que o Joel Santana é um técnico de inadequado para razoável, não mais que isso. Já Ney Franco nem técnico era. Se comportava diante de surras homéricas tal e qual a insensível mãe dos pães de queijo do moribundo.
Explico a pequena história ocorrida em Minas Gerais, que demonstra a capacidade de organização mas ao mesmo tempo a inflexibilidade dos mineiros. Consta que em uma cidade lá por perto de Ponte Nova, um patriarca se preparava para partir desta para a melhor em seu leito de morte. Numa época em que o câncer sequer tinha sido inventado – quanto mais descoberto. Nas últimas, o velhinho sente o cheiro do delicioso pão de queijo com pedaços de queijo minas e manda o filho mais novo ir à cozinha.
- Ô Mercindo, vai lá na cozinha, vai. Fala com a mãe p’a me dar uns pãozin de queijim fresquim, fresquim assim.
Daí a cinco minutos, o menino volta, cabisbaixo.
- Quede meus pãozinho, Mercindo? Que que houve?
- óia pai, a mãe mandou dizer que não pode ter dar pão de queijo não porque o que ela ta fazendo é pro velório.
Assim Ney se comportava. Para que se preocupar? Para que internar o time na Granja Comary? O velório de Ney era outro.
Mas eis que Joel Santana toma um cacete de 3 a 0 do Internacional de Porto Alegre em um jogo que, dizem, poderia ser o dobro. Sem dúvida. O Flamengo jogou pessimamente ontem.
Agora, é bem verdade que o fato de o Flamengo ter jogado péssimo serve para que se propague toda série de silogismos e falácias. E, pior ainda, se deixam de lado discussões importantes em função do “O Flamengo jogou mal”. Tudo pode porque o Flamengo jogou mal – inclusive um jogador do Inter com DOIS MINUTOS de jogo dar um pisão no pé de Ibson, TIRANDO-O DE CAMPO sem que o árbitro da partida, o sr. Paulo César Oliveira, sequer desse cartão amarelo.
Não vejo a mídia discutindo o ocorrido, muito menos questionando se foi algo deliberado – ou se foi apenas coincidência algum jogador com dois minutos de jogo praticamente agredir a principal peça do adversário.
O que vejo a mídia fazer? Absurdos como este, perpetuado no jornal O Globo, segunda edição, desde domingo, 9 de setembro.
Aqui, a atuação do árbitro é tida como “ótima” e ele “controlou a violência”.



Aqui, no texto principal, é escrito que Ibson leva um pisão maldoso. Como pode haver um pisãO maldoso E IMPUNE num jogo em que o juiz teve atuação "ótima" e coibiu a violência????



Aí eu pergunto: para O Globo, Paulo César coibiu a violência ou Ibson levou um pisão? Para mim, é uma coisa ou outra. Fica mesmo é a dúvida se quem escreveu “ótimo” sobre o árbitro PC Oliveira tinha mesmo visto o jogo ou se era alguém muito feliz com a derrota rubro-negra – tão feliz que resolveu agradecer ao árbitro.
Paciência. Enquanto isso, o São Paulo bate por todos os lados e não se ouve falar em suspensões, né? Assim fica fácil.

Flamengo Net

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