terça-feira, 29 de maio de 2007

Médicos e Monstros

Todo mundo conhece pelo menos a trama central do clássico romance O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson. Um médico famoso, gente boa e preocupado com o futuro da humanidade, o Dr. Jeckyll, inventa uma fórmula que separa as partes boas das partes ruins das pessoas. Bom médico e mau químico, tudo dá errado quando ao experimentar a droga em si mesmo o bom doutor, sem querer, se transforma no nojento Mr. Hyde, que expunha tudo que havia de pior nos subterrâneos da sua personalidade. Daí pra frente, para conseguir controlar seu demônio interior e não ir em cana, o Dr. Jeckyll termina dependendo cada vez mais de sua beberagem amaldiçoada.

Por que será que no Flamengo essa Síndrome do Médico e do Monstro atinge diversos jogadores como se a maldita poção do Dr. Jeckyll estivesse sendo derramada diariamente na caixa d’água da Concentração? Por uma questão de justiça devo destacar que não incluo os nossos zagueiros nesse diagnóstico, pois vejo a defesa como o único setor do time que mantém uma regularidade; entre quem entrar, nossos zagueiros são todos, sem exceção, umas merdas.

Sem o auxilio luxuoso da literatura de terror do século XIX como explicar a tresloucada alternância entre ótimas e vergonhosas atuações de Léo Moura, Paulinho, Renato Saci, Juan, entre outros bagulhos virtualmente irrecuperáveis? Não vale apelar e colocar a culpa no Nei Franco porque ele também é outro que alterna dias horrorosos com outros brilhantes (admito que faz mais ou menos um século desde seu ultimo dia brilhante). Que esses caras tão precisando mostrar mais regularidade não se discute. Mas vejam que interessante, todos os quatro citados acima não tem reservas que sequer os ameacem em suas titularidades vitalícias. Todos eles jogam cheios de marra, sem medo de perder a posição, passeiam em campo e só suam a camisa quando estão a fim. E, vamos combinar, Flamengo é coisa muito séria pra deixar que os próprios jogadores decidam quando devem correr. São essas coisas que comprovam que sem elenco não dá mesmo.

Até os analfabetos do futebol como eu conseguem perceber que o Flamengo não tem um esquema de jogo montado. Nei Franco arma o Mengão na tática da padaria (ataca em bolo e defende em massa) contra qualquer adversário, só mudando alguns molambos de vez em quando pra dar uma variada. Todo mundo viu que no nosso ultimo encontro com a cachorrada bastaria um pouco mais de atenção na saída de bola e menos psicodelismo no posicionamento em campo de certos popstars que nem o segundo gol os cães teriam feito. Mas não adianta chorar sobre o leite derramado, perdemos dois pontos prum time que treme como gelatina diante de nós há mais de três anos. Nós tínhamos a obrigação de vencer. A grande verdade é que sejam os médicos ou sejam os monstros, não interessa, o Flamengo não pode passar a vergonha de ficar seis meses sem vencer um clássico.


Mengão Sempre

Flamengo Net

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