domingo, 5 de novembro de 2006


Jogo de um Time Só

Flamengo e Atlético PR, Maracanã, sábado à tarde. O jogo para nós não valia rigorosamente nada, nesse sem graça campeonato de pontos corridos, mas como tenho uma certa birra desses outros times que ousam usar as nossas cores também, lá fui eu mais uma vez pro Maior do Mundo (como se precisasse de uma desculpa para tal). Ora, todo mundo sabe que Rubro-Negro só tem um, não tem Sport, Milan, nem Atlético PR. Eles que vão buscar outras cores, ou senão, vão ter que se ver com a gente.
E hoje foi um daqueles dias em que o Flamengo e o Maracanã se tornam um só e que a vitória torna-se apenas uma questão de tempo. O Flamengo dominou do início ao fim, fazendo do time adversário um conjunto de joão-ninguéns apenas correndo atrás da bola e assistindo de camarote ao massacre do Mengão. Com o devido respeito, me permito uma infame comparação: o Mengão hoje me fez lembrar dos áureos tempos do Zicão da minha infância. Daquela época em que se ia ao Maracanã ver um só time jogar, pressionar o tempo todo. Se o gol saísse no começo a chance de goleada era alta, senão, o time e a torcida unidos, atacando e gritando sem parar, só descansariam (ou melhor, nem aí descansariam) quando a bola estufasse pelo menos uma vez a rede adversária. Por acaso, hoje foi o Léo Medeiros quem botou ela pra dentro, num balaço indefensável de canhota, mas poderia ter sido qualquer um. Poderia ter sido o Obina, logo aos 3 minutos, frente a frente com o goleiro, numa chance clara de gol. Poderia ter sido Renato, sozinho, depois de uma jogada individual meio atrapalhada em que ele preferiu chutar de longe a partir pra cima do goleiro e entrar com bola e tudo. O gol poderia ter saído num bate-rebate na pequena área logo no começo do 2o tempo, ou no chute prensado do Obina que chegou a encobrir o goleiro (mas esse se recuperou e fez a defesa), ou na belíssima jogada de Renato Augusto que levou a zaga inteira e bateu raspando a trave, ou mesmo na cabeçada pro chão do Obina que caprichosamente saiu à direita do goleiro. Talvez fosse até mais justo que o Paulinho, ou mesmo o Renato Silva, ambos com atuação de gala, fossem os responsáveis pelo tento que nos daria a vitória.
Poderia dizer que prefiro o time com mais um atacante ao lado do Obina (Vinícius Pacheco provavelmente) e o Renato Augusto mais recuado vindo do meio, que o Fernando segue me dando calafrios, mas nenhuma dessas elocubrações importa muito.
Nesses dias em que o Flamengo joga assim, sufocando o tempo todo, não dando chance pro adversário respirar, os detalhes táticos e até técnicos passam para o segundo plano: a torcida naturalmente joga junto e o adversário acaba entendendo que o Maracanã é a casa do único e verdadeiro Rubro-Negro que existe.

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Já no 2o tempo, um garoto de uns 7 anos talvez, repetindo a frase de um gordo idiota sentado mais abaixo, virou para o pai e disse: ´Pai, é verdade que quem não faz leva?`; e eu, já amigo do coroa, e abusando daquela intimidade criada naqueles 60, 70 minutos de arquibancada me meti e respondi: ´Cara, hoje o jogo é nosso!`.
Por uma dessas coincidências da vida, passaram-se uns 5 minutos e o Léo Medeiros estufou as redes. O garoto vira-se então pro gordão e com a autoridade de quem tem muitos anos de Maracanã repete : ´Cara, hoje o jogo é nosso!!!`
Pronto, a Nação ganhava ali mais um digno representante rubro-negro ....

Flamengo Net

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