segunda-feira, 28 de agosto de 2006

ATACAR

O Flamengo dos últimos anos vem sendo um ?cobertor curto?. Quando a defesa é boa, o ataque inexiste, quando o ataque funciona, a defesa entrega. O que acontece?

Já noto o início de uma triste implicância com o Sávio. O cara é o melhor do time, é craque, mas para mim joga na posição errada. Se o ataque estivesse perdendo dezenas de gols toda partida, aí podíamos dizer: ?a culpa é de fulano?, ?tira fulano e põe beltrano?, mas não é isso que vem acontecendo.

As chances simplesmente sequer são criadas. Nos jogos que eu vi este ano, que infelizmente (ou felizmente) foram poucos, são pouquíssimos os chutes a gol. Quando digo ?chutes a gol?, quero dizer chutes que levem perigo, que obriguem pelo menos o goleiro adversário a se esforçar para defender. Não estou considerando chutes na arquibancada, ou petelecos na mão do goleiro. O problema já vem acontecendo há tempo, diria até há vários anos, muda time, muda técnico, e o problema continua, nem me lembro a última vez que tivemos um ataque goleador.

O problema já podia ser notado nas finais da Copa do Brasil, quando mesmo com o domínio absoluto das partidas, o Flamengo criou muito pouco. Foi flagrante na última partida, quando o Vasco jogou quase o tempo todo com um a menos, fizemos o gol no primeiro tempo e fomos incapazes de fazer pelo menos mais um golzinho.

No jogo contra o São Caetano não fizemos nada, conseguindo um empate salvador graças a duas cobranças de falta.

A questão é: falta atacante, ou falta uma organização tática que crie as oportunidades de gol?

Falta atacante? A diretoria do Fla é uma bagunça, é um show de incompetência, mas... ninguém pode negar que Luizão e Sávio foram grandes contratações. Mas aí, vem o Luizão, joga 3 jogos, faz um golzinho, se machuca, pára 2 meses, volta, faz mais meia dúzia de jogos, machuca, e tudo de novo... Comparem por exemplo com as contratações do Vasco: Valdiram, Valdir Papel, Jean, Edílson, nada que preste. Mas com este time o Vasco, mesmo tendo o pior time de sua história está chegando a quarto no Brasileiro, pois, ainda que esteja abusando de uma sorte que beira o diabólico, pelo menos arma o time para contra-ataques certeiro. Alguém se lembra da última vez que o Flamengo fez algum gol de contra-ataque?

Quando comecei a acompanhar futebol, em 78, os ataques eram compostos por três homens: ponta-direita, centroavante e ponta-esquerda. Aí, por volta de 83, os times começaram a tirar um dos pontas, até que a posição em si acabou, e os times passaram a usar só dois atacantes, mas com um meio-de-campo de 4 que tinha um volante e 3 meias de armação. Aí veio a Era Parreira, e passou-se a 2 volantes. Agora já fica difícil jogar sem 3 cabeças-de-área, e para piorar, o meia mais avançado, o antigo ?Camisa 10?, que chamava de ponta-de-lança, já começar a ser empurrado para o ataque.

Ou seja, em vez de termos o Sávio no meio, com sua habilidade e sua visão de jogo, ajudando a municiar dois atacantes, temos ele isolado no ataque, sem ninguém que possa criar.

O que faz o Léo Medeiros, que parece ter virado titular absoluto? Nada. Apenas marca. E o Renato Augusto, em quem eu tinha esperanças? Nada também. Limitam-se a correr pra lá e pra cá. Mais nada.

Ah, mas aí alguém pode dizer ?mas pelo menos ganhamos uma defesa sólida?.

Será mesmo??????

Não nego que passamos por uma fase onde tomamos menos gols, mas se a gente vai ver a partida, sem analisar apenas o resultado final, não me lembro de jogos ?tranqüilos?. Em todos eles, mesmo naqueles em que não sofremos gols, os adversários nos atacam o tempo todo, perdendo gols um atrás do outro. A única força defensiva se limita a ter um amontoado de cidadãos dentro da área espanando as bolas pra fora. As bolas que sempre são cruzadas, porque deixam que os atacantes sempre tenha espaço e tempo para cruzar, ou porque simplesmente vivem agarrando os atacantes e fazendo faltas bobas na entrada da área e laterais do campo.

O futebol brasileiro passa por uma fase bizarra, onde fica difícil explicar porque alguns times estão bem e outros mal. Um time como o Vasco, que no início do campeonato parecia fadado a mofar na zona do rebaixamento, o mesmo Vasco que vencemos na Copa do Brasil com facilidade, agora está nas primeira posições, junto com outros times medíocres como Paraná, Grêmio, Figueirense. O Internacional, campeão da Libertadores, agora não conhece ganhar de ninguém. O Fluminense , que era o melhor time do Rio, mantendo um elenco caro, agora não ganha mais de ninguém, e o Corinthians consegue ficar na zona de rebaixamento com praticamente o mesmo time do ano passado.

Podemos alegar falta de sorte, implicância das arbitragens, mas o fato é que falta qualidade.

Os técnicos hoje são muito competentes em arrumar defesas, é três zagueiros, três volantes, etc, mas são incapazes de resolver problemas ofensivos. O time chuta mal, vamos treinar chutes. Vamos treinar jogadas ensaiadas. Cruza mal, vai treinar até melhorar.

Mas não, parece que os técnicos não sabem melhorar, os jogadores não querem mais treinar, só pensam em piercings, penteados, cortes de cabelo (o que é aquele cabelo do Elton, ?Dona Florinda??), tinturas. Treinar que é bom nada.

Não sou daqueles que quando o Flamengo vence, acha o Ney Franco um gênio, e que quando perde quer vê-lo empalado. Para mim ele é igual aos outros. Afinal, já mudamos de técnico dezenas de vezes e nada muda.

Já está ficando cansativo.

Dá vontade e encerrar minha carreira de torcedor.

Flamengo Net

Comentários