Ano XXIV d.M.
A história não deveria de se opor à paixão de um povo. O Flamengo é campeão. A nação rubro-negra explode no país inteiro, ensinando ao mundo como se comemora um título. (1)
Uma data tão importante como essa merece mais de um post. Tinha meus 11 anos de idade, e me lembro bem do dia em que fiquei acordado até tarde para ver o Flamengo jogar a decisão mais importante de sua história. Nosso adversário era o poderoso e esnobe Liverpool, campeão europeu. Naqueles tempos tanto a Libertadores como o Mundial tinha proporções quase mitológicas, pois até então, o único clube brasileiro a ganhar o Interclubes havia sido o Santos de Pelé. E o que aconteceu foi um verdadeiro passeio, 3x0 já no primeiro tempo, um show comandado magistralmente por Zico. Me lembro de uma das manchetes da época: AGORA SÓ FALTA SER CAMPEÃO NA LUA.
Enquanto a madrugada brasileira era sacudida pela festa, eles iam dormir de cabeça inchada, possivelmente boa parte deles já no intervalo. Eles, a turma do arco-íris (em minúsculas mesmo), grupamento social que ganhou uma análise científica definitiva em recente tratado sócio-filosófico-psiquiátrico (2), não podendo dar o braço a torcer e reconhecer que nós éramos o MELHOR TIME DO PLANETA, adotaram a técnica do avestruz. "Os europeus não dão valor a esta taça!", "É só a Taça Toyota!", "Para valer como Mundial deve incluir outros continentes!" etc, etc. Coitadinhos.... Muito anos depois aqueles mesmo que desprezam o Interclubes foram todos alegrinhos para disputá-lo...e morreram na praia... AH.
O Mundial já não é mais o mesmo, a Libertadores não é mais a mesma, a Liga Européia não é mais a mesma, hoje em dia um time pode ser o quarto colocado no Brasileiro e pode acabar sendo campeão sul-americano. E o formato do Interclubes, ganhando agora a presença importantíssima de clubes africanos, asiáticos, centro-americanos e australianos, para deleite da massa arco-íris. Aliás, temos que reconhecer, há coerência nos protestos arco-íris: é natural que anti-flamenguistas defendam que o Mundial só deve ser legítimo se contar também com a presença de clubes insípidos e ridículos.
Até hoje, 24 anos depois, esta partida ainda é a maior goleada sofrida por um europeu nas finais do Mundial. E que fique bem claro que o Flamengo não foi pra Tóquio com dois meses de antecedência. Chegamos uma semana antes (após conquistarmos mais um Carioca), e atropelamos os ingleses. Aqui homenageio o nosso elenco (com as numerações da Libertadores):
1 Cantarele 2 Leandro 3 Rondinelli 4 Marinho 5 Júnior 6 Andrade 7 Chiquinho 8 Adílio 9 Nunes 10 Zico
11 Baroninho 12 Tita 13 Nei Dias 14 Mozer 15 Figueiredo
16 Carlos Alberto 17 Vítor 18 Fumanchu 19 Peu
20 Raul 21 Ronaldo 22 Lico 23 Édson 24 Luís Alberto 25 Anselmo
(1) ZANINI, Telmo. Uma festa chamada Flamengo. Revista PLACAR Extra do Mundial 1981.
(2) PLATERO, Valido. Considerações sobre o anti-Flamengo. 10/12/2005, no blog http://porraquesaco.blogspot.com/.
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