quarta-feira, 25 de maio de 2005

O que acontece com os rubro-negros?

Até bem pouco tempo, era fácil identificar um torcedor do Flamengo: orgulhoso, altivo, desdenhoso de provocações e alheio a complexos de inferioridade, síndromes de perseguição, etc. Choro de perdedor? Coisa de botafoguense. Reclamar da imprensa? Típico de vascaíno. Traçar o perfil do rubro-negro era, portanto, tarefa fácil.

Lendo os comentários e posts do nosso querido blog, conversando com amigos e desconhecidos, vendo um jogo ao lado de outros torcedores, vejo que esses tempos já passaram. O rubro-negro contemporâneo é um sujeito cujo humor varia do delírio a mais profunda depressão, quase sem meios termos. Ou somos um time "igual a todos", já que "todo mundo está ruim", e portanto podemos ganhar o título apenas com um ou dois reforços, ou somos a escória mais indigna a jamais pisar os gramados brasileiros. Uma vitória nos leva a ver em Obina um sucessor de Almir Pernambuquinho, enquanto uma derrota transforma Fellype Gabriel numa das maiores fraudes da história do futebol.

Sem contar, é claro, a nova mania rubro-negra, que é a de achar que a imprensa brasileira está tramando, secretamente, a destruição do Flamengo. Toma-se um fato real -- o desprezo com que o futebol carioca e o Flamengo são vistos por vastos setores da mídia nacional -- e este é amplificado até que Roberto Assaf seja transformado num vascaíno disfarçado. Cada má notícia descoberta no terceiro parágrafo de uma obscura reportagem é considerada mais uma evidência do complô que junta Eurico, Milton Neves, CBF, KGB, Al-Queda contra a Nação. Nós não éramos assim. Não mesmo.

Não me incomoda o otimismo, nem o pessimismo. Incomodo-me com o carrosel de emoções díspares que toma conta do torcedor, como se tivéssemos perdido completamente o senso de quem somos. Se a cada vitória enxergarmos um Barcelona, e a cada derrota um Íbis, não veremos jamais o que o time atual verdadeiramente é, nem onde pode chegar.

Sejamos orgulhosos, como bem disse o Mário Cruz. Ser Flamengo é bom porque é. Não precisa de maiores explicações, e não será uma sucessão de péssimos times que mudará isso. Essa grandeza deveria nos dar um pouco de sobriedade e equilíbrio nesta hora. E, por favor, deixemos a mania de perseguição para aqueles ressentidos que, diante da esmagadora superioridade de seu rival, recusam-se a enxergar seu próprio fracasso e projetam sua impotência em personagens externos. Vocês sabem quem eles são, não?

Flamengo Net

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