quarta-feira, 13 de abril de 2005

ANJO


Para aqueles cuja família tem formação religiosa cristã, a cerimônia do batismo costumava ser extremamente importante. Ser padrinho ou madrinha de batismo de uma criança era uma responsabilidade imensa, um compromisso para a vida toda. Hoje não é mais a mesma coisa, mas como eu sou da antiga, apesar de não muito praticante, lembro disso com reverência e respeito.
Minha madrinha de batismo foi minha avó paterna, dona Nicó, que já se foi há anos, deixando uma saudade gostosa, daquelas que você tem prazer em sentir. Hoje ela é nome de edifício em Cuiabá, edifício Nicolina de Oliveira. Ao lado, o edifício João Alfredo de Oliveira, meu avô, que nunca conheci. Ambos tiveram muitos filhos, meu pai foi o único homem que sobreviveu. E teve também a tia Zuleika, tia Lêca, para a sobrinhada. Ninguém vai lembrar disso, mas quando eu fui aceito neste BLOG, o Juan publicou alguns dados a meu respeito, como faz com todos os novos participantes. Eu dizia então que quem me "batizou" na fé rubronegra foi tia Lêca, quando me trouxe de presente, no apartamento da Bartolomeu Mitre, no Leblon da minha infância, uma flâmula do Flamengo autografada pelo Dida. Tive, então, duas madrinhas. D. Nicó, minha madrinha de batismo no catolicismo, e tia Lêca, minha madrinha de batismo no Flamenguismo. Viemos embora do Rio aqui pro interior de São Paulo no começo dos anos 60, meus pais, meus irmãos e eu. Elas ficaram no Rio, e depois da morte de d. Nicó, em 1984, tia Lêca foi prá São Paulo. Morou lá até mês passado. Agora veio para Pres.Prudente, depois de muita insistência da nossa família. Está velhinha, parece minha avó.
Mas porque estou contando isso aqui? O que é que o blogueiros têm a ver com as minhas recordações familiares? Explico: a minha alma rubronegra, que andava fraca e desamparada, desesperançada da vida, cabisbaixa e melancólica, recebeu um reforço importante. Tia Lêca diz que não torce mais, que o Flamengo não é mais o mesmo. Conversa. Ela veio para o renascimento. Tem um anjo soprando um segrêdo nos corredores da casa dos meus pais, onde ela está morando ? o anjo diz que aquele Flamengo de antigamente, aquele do qual a gente passou a falar muito ultimamente, porque do atual está difícil falar, aquele Flamengo está para voltar. Eu preciso acreditar nisso. Tia Lêca vai me ajudar.

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