E Júnior?
Vejo no blog muitas críticas ao Júnior como dirigente. Entendo a decepção de todos com a falta de organização, com as brigas internas, com o fraco programa de treinamento, etc. E, em especial, com as contratações. Mas me pergunto se isso tudo é culpa do nosso querido Capacete.
Sobre as contratações, Júnior optou por uma política "realista". Apostou em jogadores desconhecidos e baratos. A maioria não deu certo, é verdade, mas o fato é que não há dinheiro. Alguns jogadores e técnicos evitaram vir ao Flamengo, caso do Chamusca, por exemplo.Ele poderia ter olhado com mais carinho para jogadores da série B? Creio que sim, e talvez tenha faltado mais cuidado e critério. Mas antes o erro dessas contratações equivocadas que a fantasia de jogadores consagrados que não conseguimos pagar.
Quanto à condução do elenco, acho que há acertos e erros. Reclamam muito da falta de autoridade de Júnior, mas sua posição é extremamente delicada. Numa diretoria dividida, ele funciona como uma anteparo que protege os jogadores, e tem que lidar com o problema do atraso de salários. O elenco só confia nele, que frequentemente tem que explicar a insolvência financeira e segurar as pontas. Nessa posição, é difícil exercer autoridade. Como bem lembrou o Lucas, o clube não paga!
Lembro o caso André Bahia. Negociou em segredo, sem o conhecimento do clube. Ao voltar, foi desligado do time. Podemos discordar ou não da medida (prefiro André Bahia do que Valdomiro na zaga), mas indicou uma clara opção do comando de futebol do clube por punir um jogador que parece ter ignorado os procedimentos adequados para uma transferência.
Finalmente, reitero o ponto principal. As exigências de autoridade e comando esbarram o tempo inteiro no problema dos salários. É complicado organizar uma relação disciplinar se os funcionários não são pagos com regularidade. Claro que exigir entrega, disposição e garra é necessário, mas o equilíbrio é tênue. E Júnior, no meu ponto de vista, está numa difícil posição. Num clube desestruturado, sem dinheiro, com parte da diretoria se opondo a ele, tendo que lidar diretamente com um grupo rachado e com problemas técnicos, Júnior ainda tem que cultivar sua imagem de ídolo rubro-negro e principal referência para jogadores. Haja habilidade...
Como perceberam, não debito na conta do Capacete todas as nossas mazelas. Gostaria apenas de argumentar que o contexto que cerca a atuação de Júnior é extremamente delicado, e possivelmente limite duramente as opções disponíveis para um brilhante ex-jogador que ainda está começando nas funções extra-campo (se descontarmos o tempo como treinador).
sábado, 13 de novembro de 2004
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